Antes conhecida como ART HK – de 2008 a 2012-, a feira foi absorvida pela Art Basel em 2013, quando passou a ser chamada de Art Basel HK e a fazer parte do circuito internacional de feiras de arte. Apresentando desde obras primas históricas até trabalhos de jovens artistas asiáticos, o evento segue o modelo que se tornou dominante e esta dividido em cinco sessões: Galleries, que abriga 187 galerias internacionais; Insights com projetos de galerias da região da Ásia-Pacífico; Discoveries, com trabalhos criados especialmente para a feira; Encounters, grandes esculturas e instalaçõese; e Film, que traz uma seleção de trabalhos em vídeo.
Em apenas quatro anos, o evento já se consolidou como o principal do mercado da arte do continente asiático, que embora tenha assistido a proliferação de feiras na última década – seguida pela proliferação de museus, galerias, casas de leilões, e claro, coleções institucionais e privadas – possui apenas dois eventos verdadeiramente internacionais: a Art Basel HK e a Art Stage Singapore. Fundada em 2011, por Lorenzo Rudolf, antigo diretor da Art Basel, a feira de Singapura, se define como uma feira asiática no sentido de que seu foco esta em conquistar uma reputação internacional para galerias e artistas da região, enquanto a Art Basel Hong Kong, é uma feira internacional com uma número cada vez maior de galerias ocidentais. Segundo profissionais do mercado de arte, a chegada da Art Basel à região, contribui para a abertura do mercado chinês e asiático, à medida que introduz a produção contemporânea ocidental ao público local, cujas aquisições tradicionalmente estão focadas em antiguidades, artes decorativas e o que se chama de old masters (categorias dominadas pelos colecionadores chineses).
Este ano, o evento espera receber 60 mil pessoas, entre colecionadores da região, que são o foco principal, e um crescente número colecionadores internacionais que viajam especialmente para a feira. Embora a China tenha apresentado queda nas vendas em 2015 (segundo relatório Tefaf, leia mais aqui), perdendo a liderança para os EUA, o país ainda é o segundo maior consumidor de obras de arte no mundo, respondendo por 22% da vendas globais. Contrariando o temores de que essa queda influenciaria a performance da Art Basel HK, a diretora da feira, Adeline Ooi, afirmou para imprensa – conforme publicado no site artnet.com-, que a queda nas vendas na China não afetariam os resultados da feira já que a “Asia não é apenas a China”.
Dos 239 participantes de 35 países, metade vem de países da região como China, Filipinas e Singapura, enquanto galerias ocidentais, especialmente americanas e inglesas, tem marcado presença cada vez mais forte a cada ano. O Brasil ainda é, entretanto, o único país da América Latina, a participar da versão oriental da feira suíça, e aparece representado pelas galerias Nara Roesler, Casa Triângulo e Mendes Wood DM. Em conversa com a ARTE!Brasileiros, Daniel Roesler afirmou que a Art Basel HK funciona como uma espécie de ponte entre o ocidente e oriente. “O fato de metade das galerias presentes na feira serem asiáticas a torna por si só diferente das congêneres de Miami e Basel”, explica o galerista. Ele conta que a casa tem participado de forma intensa da abertura de mercado na Ásia, tanto que já é a 5ª participação deles no evento que começou antes mesmo da entrada da Basel quando a feira ainda se chamava Art HK. “Além disso, nosso time já realizou várias outras viagens de trabalho à região, colaborando em exposições de nossos artistas em Shanghai, Hong Kong, Tokyo e Seul e incentivando a vinda de colecionadores chineses ao Brasil”, conclui. Os artistas selecionados para o estande esse ano são: Isaac Julien, Cristina Canale, Tomie Ohtake, Julio Le Parc e Vik Muniz (que já apresentou duas individuais em Hng Kong na Ben Brown Fine Arts).
Para Ricardo Trevisan, da Casa Triângulo, o mercado asiático é extremamente recente e a cada ano atrai novos colecionadores chineses e de Singapura. Em relação à arte ocidental e mais especificamente à brasileira, Trevisan percebe um interesse maior pelos grandes nomes por parte dos colecionadores asiáticos, “é natural, já que é um mercado novo”, afirma ele. A seleção de artistas escolhidos para Hong Kong, esse ano inclui Ascânio MMM, Mariana Palma e Joana Vasconcelos. Embora com apenas seis anos de funcionamento, a também paulistana, Mendes Wood DM, já faz sua sexta participação na Art Basel HK, apresentando obras dos artistas Paulo Nazareth, Paulo Monteiro e Adriano Costa.
A abertura de novos mercados para a arte brasileira, através da participação em feiras internacionais, além de outras iniciativas, é um projeto que já vem sendo desenvolvido desde 2007, pela Latitude – Plataforma para Galerias Brasileiras no exterior (formado a partir da colaboração entre a ABACT – Associação Brasileira de Galerias de Arte Contemporânea e a Apex -Agência de Promoção Brasileira no Exterior). Os resultados do relatório da pesquisa setorial do Latitude do ano passado, confirmaram que depois de oito anos de investimento o projeto demonstra excelente resultados: enquanto o mercado nacional sofreu retração, o volume de exportações teve aumento expressivo (de quase 100%), representando uma porcentagem cada vez maior das vendas totais das galerias brasileiras (cerca de 15%). Além da participação de galerias brasileiras em feiras ao redor do mundo, a crescente presença de artistas nacionais em exposições comerciais e institucionais no exterior dá visibilidade à produção local, gerando maior interesse internacional, uma tendência que deve se confirmar durante a próxima edição da SP-Arte, que inicia dia 7 de abril.
Leia mais em reportagem sobre o mercado de arte: http://old.brasileiros.com.br/XMUd7
Serviço: Art Basel Hong Kong
Até 26 de março
Room 1603-07, 16/F, Shui On Centre
6-8 Harbour Road – Wan Chai, Hong Kong
artbasel.com/hong-kong
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