Arte contemporânea brasileira chega ao clímax

Não há dúvida de que o crescimento do mercado de arte contemporânea brasileira no cenário internacional tem sido cada vez maior, seja nos leilões ou em feiras. A euforia chegou ao clímax no último dia 16 de fevereiro, quando a tela Parede com Incisões a la Fontana II, 2001, de Adriana Varejão, 47 anos, alcançou o preço de quase U$1,800 milhão, no leilão de arte contemporânea da Christie’s, em Londres. Com este feito, a artista carioca, nascida em 1964, detém hoje o recorde de maior preço já alcançado em um leilão internacional por um artista brasileiro vivo. Assim, ela ultrapassa Beatriz Milhazes, pintora da mesma geração, que em 2008 vendeu a tela O Mágico, 2001, em leilão da Sotheby’s, em Nova York, por U$1,049 milhão.

O interesse dos colecionadores internacionais pela arte brasileira vem aumentando muito. Isso é resultado, sem dúvida alguma, da qualidade dos trabalhos, bem como do esforço de instituições e galerias para divulgar esses artistas fora do Brasil, tanto em feiras de arte, quanto em exposições em museus.
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O Brasil está na moda, diz o noticiário. Sempre que citam exemplos de países em crescimento, lá estamos nós. O espaço que o Brasil vem conquistando no mundo e a estabilização da economia contribuem para chamar a atenção de nossa produção artística. O êxito da venda da peça de Varejão me fez pensar em artistas de outros países com o mesmo reconhecimento internacional e faixa etária dela e de Beatriz Milhazes, esta última com 51. É preciso frisar que eles têm uma vitrina mais poderosa e estão muito mais expostos em galerias e bienais internacionais.

Cito alguns exemplos internacionais mais notórios para dizer que não há nenhum problema em uma artista brasileira atingir esse preço. O inglês Damien Hirst, por exemplo, nos dias 15 e 16 de setembro de 2008, leiloou diretamente 223 peças na Sotheby’s, das quais apenas cinco lotes não foram vendidos. O conjunto reunia instalações, esculturas, pintura e desenho com as quais ele embolsou cerca de 140 milhões de euros, soma jamais conseguida de uma só vez por qualquer artista. Outro estrelado é o japonês Takashi Murakami que, em maio de 2008, viu o martelo bater favoravelmente para sua escultura My Lonesome Cowboy, 1988. Em vez de gerar polêmica por sua peça representar um rapaz se masturbando, ela foi disputada e arrematada por U$15,161 milhão em um leilão da Sotheby’s. Também em alta, Jeff Koons (ex-namorado de Cicciolina, atriz de filmes pornôs e deputada húngaro/italiana) conseguiu por sua obra Balloon Flower (Blue), o preço de U$16,882 milhão em novembro de 2010. A China também tem avançado na corrida do mercado internacional e Zhang Huan (nascido em 1965) teve seu trabalho To Raise the Water Level in a Fishpond (Waterchild) vendido na Christie’s de Nova York, em 2008, por U$17,500 milhão, o que deixou os habitantes da terra de Mao Tsé-Tung de boca aberta.

O ano de 2011 mal começa e já apresenta números espetaculares para o Brasil, mesmo com o rescaldo da economia de alguns países desaquecido. Se esse panorama promissor continuar, seguramente vamos ter um excelente ano.


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