Poucos dias foram suficientes para a reação. Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos no dia 20 de janeiro e, seguindo discurso da atriz Meryl Streep no Globo de Ouro contra a anunciada política de restrição aos imigrantes, diversos artistas e instituições culturais formaram uma verdadeira frente de combate.
Performances, cartazes e petições foram criadas em protesto, especialmente diante de um decreto restringindo a entrada de muçulmanos no país. Nomes consagrados como Anish Kapoor, Christo e Richard Prince fazem parte do time de artistas que se manifestaram. Confira abaixo sete casos selecionados pela ARTE!Brasileiros.
Beuys atualizado
Um dos escultores mais famosos do mundo, o artista britânico-indiano Anish Kapoor se manifestou contra a medida de Trump que restringe a entrada de estrangeiros no país. Ele concebeu uma obra de protesto inspirada no pôster da icônica performance I Like America and America Likes Me, do alemão Joseph Beuys. Kappor recriou o cartaz, inserindo a sua própria imagem na obra e a renomeando como I Like America and America Doesn’t Like. Recentemente, o artista também doou o prêmio de US$ 1 milhão, que recebeu do Genesis Prize Laureate, para os refugiados sírios.
Projeto cancelado
O artista búlgaro Christo, naturalizado norte-americano em 1973, trabalhava havia 20 anos em um projeto no Estado do Colorado. Conhecido por suas obras de grandes dimensões que interferem na paisagem, o artista desenvolvia um toldo prateado que percorreria uma extensão de 68 km sobre o rio Arkansas. Após um investimento pessoal de cerca de 14 milhões de euros, Christo anunciou que não pretende continuar a obra durante o mandato de Trump, já que ela seria erguida num terreno pertencente ao governo federal.
Protesto chega ao MoMA
Um dos museus mais importantes dos EUA, o MoMA também se posicionou contra as medidas do presidente recém-eleito. Os curadores da instituição decidiram expor obras de artistas de nações de maioria muçulmana, cujos cidadãos foram impedidos de ingressar no país. As obras estão no quinto andar da instituição, local destinado ao acervo permanente. Pinturas de Picasso e Matisse foram substituídas por sete trabalhos de artistas como a arquiteta iraquiana Zaha Hadid e o pintor sudanês Ibrahim el-Salahi.
Trump contra a constituição
Durante as eleições de 2008, o artista Shepard Fairey idealizou o famoso pôster com o rosto de Barack Obama e a palavra Hope. Agora, ele recria o mesmo cartaz, mas com fotos de latinos, imigrantes e negros, os três grupos que o artista considera mais ameaçados após a vitória de Trump. Os cartazes foram espalhados por várias cidades no dia da posse do republicano. Em todos há a frase “We the people”, retirada da primeira linha da constituição norte-americana.
Recusa
Conhecido pela apropriação de imagens alheias, o artista norte-americano Richard Prince já criou inúmeras obras a partir de fotos e pinturas icônicas. Na polêmica série New Portraits, ele imprime, em tamanhos grandes, fotos de usuários do Instagram. Em 2014, a filha do presidente, Ivanka Trump, encomendou uma obra de Prince baseada no perfil dela no Instagram. O trabalho foi adquirido por cerca de US$ 36.000. No início deste ano, o artista devolveu o dinheiro que havia recebido, em protesto contra a eleição do republicano.
Desabafo no metrô
O artista americano Matthew Chavez resolveu criar um espaço para que os cidadãos de Nova York pudessem desabafar após a eleição de Trump. No túnel da 14th Street, que liga duas estações do metrô, ele disponibilizou uma sacola post-it e canetas e pediu para que cada transeunte escrevesse uma nota e a prendesse às paredes de azulejos brancos. No mesmo dia, cerca de 1.500 pessoas haviam deixado mensagens como “Nossa democracia é mais forte do que isso” e “ Isso tudo passará”. Os recados fazem parte do projeto Subway Therapy, que em breve será lançado em livro.
Nós, os artistas
Mais de 80 críticos, curadores e artistas assinaram uma carta de oposição ao decreto de Trump, que impede a entrada de cidadãos de sete países muçulmanos nos EUA. No documento, eles alegam que a medida precisa ser revista, já que ela pode exacerbar a crise dos refugiados e o preconceito de raça e religião. A carta conta com assinaturas dos artistas Barbara Kruger, Joan Jonas, Danh Vo, além de instituições culturais como o Los Angeles Museum of Contemporary Ar e a Marian Goodman Gallery.
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