Arte pública em Miami

A arte contemporânea não tem limites. Seu âmago está no quanto ela, cada vez mais, é capaz de traduzir o desejo do homem contemporâneo: estar conectado. Sua dificuldade infinita de estar só.

Está equivocado quem pensa que as feiras são apenas um espaço para comprar arte. Os museus apenas para conhecê-la, os espaços públicos apenas para ver esculturas ou intervenções na arquitetura da cidade. Eles são espaços para tudo isso, mas fundamentalmente para ver também quem está lá – além de nós mesmos – vendo, comprando e perambulando… Tema de estudo de filósofos e sociólogos, isto é perceptível no dia a dia, de forma cada vez mais intensa. 

A Art Basel Miami Beach não ocorre apenas nos quatro pavilhões do Convention Center.  Além dos 10 eventos públicos, projetados pela organização da feira, a sua existência provocou mais quatro feiras paralelas pela cidade e eventos de todo tipo.

O que mais chama atenção é como os visitantes – dos mais variados estratos sociais e profissionais – se comportam neste contexto. É um Facebook no mundo real. Todo mundo conectado, de um prédio para outro, ocupando a cidade, seja a pé, de taxi, ou pelo “vip program” de apoiadores.

Saindo da abertura da feira em caravana, já às 21 horas, um grupo de cerca de 15 pessoas – quatro jovens de Boston, dois casais de colecionadores de Nova York, um grupo de jornalistas brasileiros e espanhóis e um grupo de turistas europeus – percorreu cerca de dez quarteirões numa noite bem temperada. Caminhavam em direção do Bass Museum of Art para prestigiar a abertura da exposição de Piotr Uklanski, artista nascido em Varsóvia (Polônia), em 1968. Uklanski mora entre sua cidade natal e NY. Sua obra, ESL (English as a Second Language) traz esta esquizofrenia cultural à baila. 

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Piotr Uklański, Untitled (Priceless), 2012.

A tradicional vernissage das exposições que o Bass Museum programa acontece no prédio, com uma grande festa regada a vodka, tequila e cerveja. Com várias performances e instalações ao ar livre, na “praça” à frente.

Appering Rooms (2004), Jeppe Hein
Jeppe Hein, Appearing Rooms, 2004.

Desta vez, o artista dinamarquês Jeppe Hein trouxe para os Estados Unidos um parque de diversão aquático interativo – o Appearing  Rooms (foto), de 2004 – onde as pessoas entram e saem de salas criadas por cortinas de água. O artista alerta, “enter at your own risk (entre pelo seu próprio risco), já que dependendo do tempo de entrar e sair você poderá ficar completamente molhado. Hein nasceu em Copenhagen, em 1974, e atualmente mora e trabalha em Berlin.

Não importa onde você decidiu ir, você terá deixado de estar, inevitavelmente, em algum lugar.  E aí sim, caso você não esteja muito treinado em fazer escolhas, sua sensação de não pertencimento será fatal. 

ART BASEL MIAMI BEACH

Começa nesta quinta-feira (5) a 13ª edição da Art Basel Miami Beach. O evento reúne mais de 200 galerias internacionais, entre elas, as brasileiras Gentil Carioca, Baró, Luciana Brito, Casa Triângulo, Fortes Vilaça, Nara Roesler, Luisa Strina e Vermelho. Além dos estandes expositivos, a mostra promove apresentações especiais, debates, exibições de filmes e performances artísticas pela cidade toda. Mais informações aqui

Endereço
 1.901 Convention Center Drive (Miami Beach Convention Center)
Horário de 5 a 7.dez., das 12h às 20h; 8.dez., das 12h às 18h


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