Imediatamente após o fechamento de sua última edição, que teve muito sucesso, arteBA iniciou os trabalhos que vão permitir a próxima edição, prevista para a mesma data no ano que vem. Vinte e um anos repetindo a mesma rotina trouxeram inegáveis conquistas e um merecido prestígio na região.
Dessa vez foram 98 galerias que se reuniram entre 18 e 22 de maio, no estratégico prédio de exposições La Rural, em Palermo. Embora a maioria delas fosse argentina, a presença internacional teve seu peso, um objetivo perseguido de forma constante a cada edição de arteBA, mas não muito fácil de sustentar a longo prazo. Como se sabe, os compradores locais costumam direcionar suas preferências para o que eles conhecem bem: a arte argentina. A questão acaba por diminuir o interesse pelas galerias que não são argentinas, e se uma primeira experiência não for positiva, não será repetida.
Sendo assim, um dos maiores sucessos de arteBA nessa área foi promover, em suas duas últimas edições U-Turn, uma articulação de project rooms e galerias internacionais que, em ambos os casos, ficou a cargo da Abaseh Mirvali, patrocinada pela Mercedes-Benz. Para a segunda edição, a curadora que foi diretora-executiva da coleção JUMEX e agora é responsável pela inauguração da Bienal das Américas em julho, em Denver, Colorado, reuniu obras de 24 artistas de 14 países em galerias da Argentina, Brasil, Espanha, México, Dinamarca, Suíça, Colômbia e Alemanha. Enquanto algumas como PSM, de Berlim, e Mendes Wood, de São Paulo, estiveram aqui no ano passado outras, como Supportico Lopez e Wentrup, da Alemanha; Nils Staerk, da Dinamarca; Travesía Cuatro, da Espanha; e RaebervonStenglin, da Suíça, participaram dessa experiência pela primeira vez junto com as argentinas Alberto Sendrós e Ignacio Liprandi Arte Contemporáneo, ambas de Buenos Aires. Em todos os casos, foram convidadas por favorecer em sua programação regular projetos de risco e experimentação.
A ideia por trás desse projeto é incentivar plataformas de convivência de artistas latino-americanos e de outros países que participam de circuitos internacionais. Ao mesmo tempo despertar o interesse dos colecionadores locais por uma produção gerada dentro e fora das fronteiras do país, mas já com importante reconhecimento nos circuitos de arte. É o caso de artistas como o argentino residente em Berlim, Tomás Saraceno, que participou no ano passado com um projeto na galeria Andersen’s Contemporary, após sua participação, em 2009, na Bienal de Veneza e antes da intervenção atual no Metropolitan de Nova York. Outro é Runo Lagomarsino, artista da Argentina cuja atividade se divide entre São Paulo e Europa, apresentado por Nils Staerk e que, dessa forma, introduziu uma notável coleção de arte contemporânea argentina. Um dos maiores sucessos de U-Turn nessa edição foi conduzido pelo PSM Berlim, que vendeu todo o trabalho de Carlos Basualdo, o jovem cuja participação na Bienal de Lyon causou grande impacto.
E falando da bienal francesa, sua curadora, a argentina Victoria Noorthoorn, também foi responsável pela curadoria do Prêmio arteBA Petrobras, há nove anos uma das insígnias da feira. Dessa vez, o prêmio experimental convidou os artistas a explorarem as várias possibilidades de colaboração. Ao comitê interdisciplinar de seleção foi imposto o objetivo de alcançar uma decisão unânime. E a obra escolhida foi Splatter Morfológico/Arlt Maschine, uma homenagem absurda e irônica ao escritor Roberto Arlt, feita por Silvina Aguirre, Laura Bilbao, Roberto Conlazo e Lux Lindner.
Um dos principais focos dos debates programados no auditório tradicional foi o colecionismo. Aí colaboraram colecionadores argentinos e personalidades como a italiana Patrizia Sandretto, presidente da fundação Sandretto Re ReBaudengo, em Turim. No final das contas, destaca-se o sucesso em longo prazo e os 21 anos de seu nascimento.
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