Poéticas de resistência

Detalhe da obra Possessing Nature de Tania Candiani e Luis Felipe Ortega, no Pavilhão do México, Arsenale, 56ª Bienal de Veneza. Foto: Patricia Rousseaux
Detalhe da obra Possessing Nature de Tania Candiani e Luis Felipe Ortega, no Pavilhão do México, Arsenale, 56ª Bienal de Veneza. Foto: Patricia Rousseaux


As artes visuais
têm sido um canal privilegiado para a discussão das grandes questões da contemporaneidade. Na 56a Bienal de Veneza, artistas de 89 países articulam poéticas de resistência para elaborar aflições presentes no mundo todo diante de catástrofes sociais, econômicas e ambientais. A mostra curada pelo nigeriano Okwui Enwezor, o primeiro africano a assumir o cargo, tem como tema All the World’s Futures, que não se pretende um exercício de futurologia, mas, sim, um panorama universal forjado a partir de expressões locais que se debruçam sobre as mesmas angústias, onde o preço do progresso parece ser o próprio indivíduo.

Da diáspora pós-genocídio armênio, que rendeu o Leão de Ouro ao pavilhão do país, aos muros de metal exibido pelo artista Luis Felipe Ortega, no Pavilhão Mexicano. Da prisão amazonense denunciada na performance de Berna Reale, no Pavilhão do Brasil, às centenas de chaves da artista plástica japonesa Chiharu Shiota, entrelaçadas na instalação The Key is in Your Hand, que sugerem que a saída está em nossas mãos. Elas nos permitiriam atravessar as portas, as cercas, os muros, as fronteiras do confinamento do indivíduo.

Outras duas grandes mostras abordadas nesta edição da ARTE!Brasileiros retomam questões universais, também a partir de suas singularidades regionais e de seu momento histórico. Com o título O Passado, o Presente, o Possível, a 12a Bienal de Sharjah tem entre seus destaques a instalação At the Risk of the Real, da brasileira Cinthia Marcelle. Segundo nosso colaborador Juan Eyheremendy, a obra faz um comentário sutil sobre a problemática das condições de trabalho nos Emirados Árabes Unidos, e “a questão da prioridade do avanço econômico sobre todas as coisas, utilizando um elemento local e cotidiano, a areia”. Eyheremendy complementa seu panorama desta parte do Oriente Médio com mais duas matérias, sobre a feira Art Dubai e o Global Art Forum.

Com o tema Entre a Ideia e a Experiência, a 12a Bienal de Havana já é considerada um marco na trajetória da mostra. Trata-se da primeira edição após o histórico aperto de mãos entre os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Raúl Castro, de Cuba, que iniciou a reaproximação diplomática dos dois países após mais de 50 anos. Neste ano, o Museu Bronx, de Nova York, que trabalhava com a comunidade artística da Ilha desde o lançamento da mostra, em 1984, ignorando o embargo imposto pelo governo norte-americano, realiza uma exposição coletiva em pleno Museu Nacional de Belas Artes. Boa leitura!


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.