Talvez passe despercebido pelo espectador. Bem pequena, a versão de uma escultura da primeira-dama Bia Dória em miniatura foi colocada pelo artista Renato Maretti na entrada de um condomínio em ruínas. A peça E_._UNG_ _E_M, que é uma maquete, está na mostra Miniaturas, Maquetes, Vodu e outras Projeções Políticas, em cartaz na Blau Projects, em São Paulo, ao lado de trabalhos de Mónica Giron, Débora Bolsoni e Martín Carrizo, entre outros nomes.
A maquete teve uso real (esteve em um estande de vendas) e foi trazida por Maretti de Florianópolis. Para a exposição, ele modifica o objeto com a intenção de representar um imóvel em plena decadência. Há placas de “vende-se” em várias das janelas, a pintura está carcomida, pedaços de cimento cinza cobrem partes da fachada que cederam com o tempo.
Antes de se interessar pelo setor imobiliário e por criticá-lo, elaborando visões de um futuro incerto nas cidades em expansão, Maretti se interessou pelo ambiente doméstico, diz. “Acho interessante pensar sobre a casa como extensão da cidade. Andando por São Paulo, difícil não perceber a presença do setor imobiliário, pelos inúmeros prédios construídos, em construção ou prestes a serem construídos. Mas essa presença pode ser notada pela ausência também: espaços vazios ou incontáveis placas de imobiliárias sinalizando espaços vazios”, diz.
Ele lembra que as maquetes de estandes também têm a função de fazer marketing. “Este objeto vem carregado de informações, ele pode ser visto como um projeto de prédio, mas também como projeto de cidade. A tentativa de réplica da escultura em durepox, com base de madeira, surgiu para mostrar onde, neste projeto de cidade e de vida, fica a arte.”
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