Radicada em Londres há 40 anos, a artista brasileira Ana Maria Pacheco desenvolveu seu trabalho deixando a atmosfera europeia se mesclar com o imaginário brasileiro. Essa simbiose resultou em uma linguagem que se identifica com a sua existência. Com conhecimento de história, literatura e iconografia, constrói um universo de personagens envoltos de ironias e metáforas. “Ana Maria Pacheco sabe provocar nossa imaginação e sensibilidade. Com suas gravuras e esculturas, a artista nos arrebata e, em estado de cumplicidade, somos levados a seu mundo repleto de situações insólitas, muitas vezes assustadoras”, afirma Carlos Martins.
Ana Maria possui múltipla formação nos campos de arte, música e educação, mas foi na escultura que ela encontrou sua melhor forma de expressão. Os anos de 1970 foram profícuos para sua vida profissional. Em 1971, participou da Bienal de São Paulo e dois anos depois partiu para Londres, com uma bolsa de estudos concedida pelo Conselho Britânico do Rio de Janeiro. Lá, estudou na Slade School of Fine Art, de 1973 a 1975. Atualmente, vive e trabalha na capital britânica e participa do projeto de residência artística promovido pela National Gallery.
“Seu trabalho, na verdade, tem dupla conexão: uma no tempo, unindo o arcaico com o contemporâneo, outra no espaço, unindo o local ao contexto espacial, territorial mais amplo. Mantendo a autenticidade que a liga, não apenas ao âmbito brasileiro, mas amplamente a toda a origem de nossa cultura dada pela dimensão também das culturas negras africanas ou das culturas indígenas. Não só brasileiras, mas do conjunto do continente americano, inclusive pré-colombianas”, diz o especialista Nicolau Sevcenko em A Estranha Ciência do Esquecimento, no livro Memória Roubada e a Arte de Ana Maria Pacheco (Goiás: Centro de Formação Artística da UEG, 2003, p.14).
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