O Museu Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, apresenta uma retrospectiva com 20 gravuras e uma serigrafia que atestam a inquietude do artista Cildo Meirelles. Nessa mostra, o artista demonstra que em todas as vertentes nas quais atuou sempre soube tirar o máximo da linguagem com a qual estava operando. Para esse evento, Cildo Meirelles cria uma serigrafia que teve como ponto de partida um desenho de 1968. Dizem que a indignação move o mundo. E, evidentemente, o artista. Caso explícito é o de Cildo Meirelles. Estudante de arte e impelido a se manifestar contra a ditadura militar que vigorava no Brasil (1964-1984), inquieto e experimental, ele se identifica com a arte conceitual e inicia uma carreira cuja produção dialoga com questões sociais e estéticas concomitantemente. Seu foco já aparecia nos tempos em que cursava arte em Brasília, início dos anos 1960, orientado pelo ceramista e pintor peruano Barrenechea, quando começa a realizar desenhos inspirados em peças étnicas africanas, revelando um olhar atento ao povo.
São muitos seus circuitos ideológicos. Um dos emblemáticos é o projeto Coca-Cola. Em 1970, ele se apropria de uma garrafa de Coca-Cola, considerado na época como símbolo do imperialismo norte-americano, e começa a inscrever frases, como Yankees Go Home e depois a devolve à circulação. Outra obra inserida na mesma linha contestatória, o Cruzeiro Zero, é uma réplica fiel de uma cédula do Cruzeiro (moeda extinta) em que ele substitui as figuras históricas e heroicas por criaturas desprestigiadas pela sociedade, como um índio e um demente. Junto com a questão política, seus projetos fazem uma reflexão sobre os movimentos de vanguarda, os aspectos da percepção humana, dos processos de comunicação, as condições do espectador e a relação da obra de arte com o mercado. Suas gravuras dão conta de todo esse universo.
De 12/2 a 7/6 – Museu Chácara do Céu
Rua Murtinho Nobre, 93 – Santa Teresa – RJ
Telefone: (21) 2224-8981
Diariamente, exceto às terças – das 12h às 17h
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