De hieróglifos a combinações de cofres de bancos, descobrir o segredo de qualquer código sempre instigou o homem. Quem for à galeria Luisa Strina vai conferir uma das melhores mostras deste ano, a Secret Codes (Códigos Secretos) que reúne artistas consagrados das quatro últimas décadas.
A grande pegada é a seleção de obras que procura envolver espectador nos mistérios, mensagens e códigos que guardam em suas almas. E, se possível, fazê-lo decifrar.
Mas não se animem, porque não é nada fácil. A não ser que você tenha a sorte de encontrar o curador Agustín Pérez Rubio, daí é moleza. Entrevistá-lo é dividir um pouco de seu entusiasmo e aferir o quanto ele também curtiu repensar obras como a de Julieta Aranda, de 1970, quando dois chipanzés foram colocados em duas salas separadas por uma parede de vidro. Foi dada uma máquina de escrever para cada um deles. O resultado da “datilografia performática” está exposto logo na entrada da exposição e seu código secreto deve estar guardado em alguma floresta. Este trabalho fala da pesquisa de conceitos de convenções e sinais relacionados com a comunicação.
A mostra não é didática, mas Agustín a dividiu pelas diversas salas. O abre alas são, entre outras, obras de Julieta Aranda, Geta Brătescu, Mary Beth Edelson e Mira Schendel. O enigma segue e invade o espaço seguinte onde os trabalhos revolucionários de Waldemar Cordeiro, Liam Gillick e Muntadas, nos confirma que a visita valeu à pena. Aí mesmo outras surpresas: Cartas a Outros Planetas, de Dora García e uma enigmática Anna Maria Maiolino.
Ah! Quanto mistério no Inserções nos Circuitos Ideológicos, de Cildo Meireles, um quase nó de cerebelo com os códigos numéricos e matemáticos. A última sala é especial e traz o mistério de agrupar obras quase indecifráveis como A page From My Intimate Journal, Part I (Uma Página de Meu Diário Íntimo, Parte I) ou Acrit, de Guy de Cointet, Secret Paintings de Art & Language, até as peças misteriosas em madeira de André Cadere, que conversam com as Detanico e Lain – uma linguagem de círculos aplicada sobre o piso. Agustín, com entusiasmo e energia contagiantes chega ao fim da mostra decifrando os signos de Julien Bismuth & Jean-Pascal Flaviene e me aponta a Urna Quente, de Antonio Manuel, que arredonda o elenco.
Luisa Strina, à frente de sua galeria há 40 anos, não tem código secreto para manter um sucesso tão duradouro. O enigma é simples. Trabalho e bom olho!
De 17/12 a 22/02
Galeria Luisa Strina
Rua Padre João Manuel, 755 loja 2
Cerqueira César 01411-001
São Paulo
Horário: segunda à sexta, das 10 às 19 horas
Sábado das 10h às 17h
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