Nascido e criado na Inglaterra, Thomas Galbraith vive há dez anos em Nova York. Mestre em História da Arte e um dos diretores, desde 2013, da plataforma on-line de leilões Paddle8, Galbraith vai compartilhar, com o público dos TALKS, de sua longa experiência como especialista no mercado, com passagens, entre outros lugares, pela artnet e pela consultoria The Petraeus Group, da qual foi um dos fundadores. Leia abaixo a entrevista feita por ARTE!Brasileiros com Galbraith.
ARTE!Brasileiros – Em que medida plataformas como a Paddle8 influenciaram ou modificaram o mercado de arte e de leilões? Qual o impacto delas neste mundo cada vez mais virtual?
Thomas Galbraith – Talvez, o maior impacto das vendas on-line, particularmente no caso da Paddle8, tenha sido o de aumentar significativamente a liquidez no mercado de arte, sobretudo no de obras com valores abaixo de US$ 500 mil. Se olharmos para os players mais bem-sucedidos no mercado on-line, a faixa de preços tende a ficar na mesma categoria, entre US$ 500 e US$ 500 mil. Foi aí que nós percebemos que o mercado físico era menos eficiente e a transação online, mais provável. Embora sejamos capazes de vender on-line trabalhos por valores maiores, e termos registrado vários êxitos, o foco do nosso negócio está nessa faixa. O segundo desdobramento mais interessante foi a globalização do mercado. Vemos compradores de todos os lugares, de Beirute, Dubai, Hong Hong, Nova York, Londres. Nossos clientes têm um grande anseio de acessar mercados em que eles, de outro modo, não conseguiriam entrar. Agora, por meio de um aplicativo para smartphone ou de um computador, os colecionadores podem participar de um mercado global de arte.
Você poderia explicar sucintamente seus métodos de avaliar uma obra de arte? Avaliações do gênero mudam de tempos em tempos?
Primeiramente, observo as tendências de mercado, em vez de olhar trabalhos de arte individualmente. Isso deixo para os apreciadores. Levando em consideração uma base mais ampla de tendências, tento me certificar de que estou olhando para um espectro de informação e de dados o mais abrangente possível, antes de tirar conclusões. De modo geral, é interessante ver os movimentos que as grandes casas de leilões vêm fazendo. Durante muito tempo, algumas casas de leilões se interessaram apenas pelo mercado com valores mais altos. E trabalhando aí a cada ano para tentar ampliar seu preço médio por lote. Ainda que tenham sido bem-sucedidas com essa empreitada, tendo como base dados puramente objetivos, o resultado parece ter sido um tanto míope. A disputa por lotes com preços cada vez mais altos resultou em retornos cada vez mais baixos. Deixando o mercado de valores mais baixos mal atendido e sobrecarregado, por comparação. Foi dessa demanda não atendida, porém fértil, que a Paddle8 tirou proveito.
Em termos de tendências do mercado coberto pela Paddle8, qual a diferença entre pinturas e esculturas, por exemplo? Quais são mais valorizados hoje em dia e por quê?
Há um grande número de razões pelas quais alguns mercados têm melhores retornos do que outros. O mercado de arte continua um dos maiores e menos regulados do mundo. Ele flutua por muitos motivos e os interesses dos colecionadores se move de uma categoria para outra. Vale lembrar, por exemplo, que nos anos 1980 obras impressionistas tiveram grande demanda, tornando-se a categoria mais procurada. No começo do anos 2000, os mestres modernistas substituíram os impressionistas na preferência dos colecionadores. Agora, vemos que a arte contemporânea ou os emergentes se tornaram os mais desejados. Os gostos mudam e o dinheiro se move.
Seria possível apontar artistas que sejam os mais desejados no momento? Ou ainda um país, uma região do planeta?
Para muitos, a velocidade com que artistas em alta estão indo e vindo é o testemunho de uma era em que se lança alguém, compra-se por um preço baixo, cria-se um burburinho e daí se vende por um valor alto. Alguém como Lucien Smith, um artista relativamente novo dos Estados Unidos, poderia ser identificado como um nome que foi sujeito a essa cultura volátil.
Durante a Art Basel Miami havia uma ação da Paddle8 em um dos hotéis de Miami Beach. As vendas da plataforma tendem a crescer durante as feiras?
Fizemos uma instalação no hotel Shore Club. Embora nós percebamos uma atividade cada vez maior em torno dos eventos de arte pelo mundo, e nossas equipes façam um ótimo trabalho durante esses períodos, as vendas tendem a ser sólidas e constantes ao longo do ano.
Qual o perfil das pessoas que compram por meio da Paddle8 e plataformas similares?
Nossos compradores têm discernimento, viajam o mundo todo e são bem cuidadosos com suas coleções. As idades variam de 20 e poucos anos até 60 e tantos. No entanto, a faixa com maior número de colecionadores é a de 35 a 45 anos.
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