Criatividade brasileira à mostra

Pavilhão do País na Expo Milano, projeto do Studio Arthur Casas e do Atelier Marko Brajovic - Foto: Expo Milano/Divulgação
Pavilhão do País na Expo Milano, projeto do Studio Arthur Casas e do Atelier Marko Brajovic – Foto: Expo Milano/Divulgação

Abril e maio serão meses agitados para a arquitetura e o design brasileiros em Milão, na Itália. O MADE – Mercado de Arte e Design, organizado desde 2013 por Waldick Jatobá, faz sua estreia no Salão Internacional do Móvel, que acontece de 14 a 19 de abril. Já a exposição Brazil S/A, que está presente no evento desde 2010, estende sua permanência na cidade italiana, ficando 41 dias, para também fazer parte da programação paralela do Brasil durante a Exposição Universal, que começa dia 1º de maio, com o Alimentar o Planeta, Energia para a Vida.

O pavilhão brasileiro da Expo Milano foi projetado pelo Studio Arthur Casas e pelo Atelier Marko Brajovic, ambos de São Paulo, ganhadores de um concurso comissionado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil). Com 3 mil  m2, o espaço com tons terrosos se divide em três: o térreo, que irá se debruçar sobre a produção de alimentos do País; um mezanino em forma de rede – na verdade,  uma malha metálica de mil m2, em que sensores produzirão sons e luzes a partir da interação com os visitantes; e uma área fechada, que vai concentrar restaurante, bar, sala de concerto, e abrigar os convidados brasileiros, além de mostrar, por meio de telas diversas, atividades
de pesquisa e modelos de produção e consumo nacionais.

Marko Brajovic ressalta que o pavilhão colocou o complexo desafio de se criar um projeto em que arquitetura, design, paisagismo, luminotécnica, expografia, cenografia e conteúdo curatorial dialogassem com harmonia. “Nosso trabalho foi conceber espaços em que assuntos como a agricultura e a produção de alimentos pudessem também ser integrados à arte, à cultura brasileira contemporânea, sempre para que o público pudesse ter uma experiência única e compartilhada”, diz.

Outra faceta de Brajovic também marcará presença em Milão. Durante o Salão do Móvel, o croata radicado no Brasil apresenta uma de suas criações mais recentes como designer, a cadeira
Zia. “A peça é uma reinterpretação das cadeiras brasileiras feitas com palhinha, e nós não vamos levá-la pronta do Brasil. Ela será cortada e encaixada na Itália mesmo, a partir de um arquivo digital. Com isso, reduzimos gastos com transporte, sem falar na diminuição da pegada de carbono em que um processo convencional implicaria”, afirma.

O móvel de Brajovic estará exposto no espaço da Brazil S/A, que neste ano acontece na Universitá Degli Studi di Milano, em um espaço de 1.200 m2. Ao ampliar o tempo em que ficará em cartaz, os organizadores esperam alcançar um público de 120 mil pessoas. A programação também está mais robusta e abriga 60 designers, distribuídos em 11 exposições. “Dessas, eu destacaria a homenagem a Sergio Rodrigues, morto no ano passado, e a exposição 100% Brasil, que apresentará desde objetos de cerâmicas e berços até mesa de pebolim, para comemorar os 6 anos de vida do evento”, ressalta José Roberto Moreira do Valle, fundador da Brazil S/A.

Foto: Salão do Móvel de Milão/Divulgação
Foto: Salão do Móvel de Milão/Divulgação

Outro destaque da programação da Brazil S/A será o Giro Noturno, uma visita guiada a cargo de Ricardo Gaioso, da Timbre, agência de comunicação, marketing e pesquisa de tendências. Gaioso
levará convidados do País para conhecer estúdios, fábricas, lojas e instituições ligadas a design, onde os participantes poderão bater um papo com curadores e os designers dos próprios espaços.

Estreante no Salone milanês, o MADE faz parte da programação paralela da mostra e terá um pavilhão temporário, desenhado pelo Studio MK27, de Marcio Kogan, que ficará localizado no Palazzo Litta (Corso Magenta 24), além de uma instalação dos Irmãos Campana, e uma exposição de dez bancos indígenas, alguns com até 100 anos de idade, cedidos pela Coleção BEI.

A seleção de participantes, feita por Waldick Jatobá em parceria com o designer Bruno Simões, tem desde talentos consagrados, como o próprio Kogan, e ainda Claudia Moreira Salles e Hugo França; profissionais em franca ascensão, como Carol Gay, Brunno Jahara, Maurício Arruda, Rodrigo
Almeida e Zanini de Zanine; a novos nomes, como a dupla 80e8 e o estúdio Cultivado em Casa.

“O MADE fará parte de um circuito dedicado à moda e ao design de vanguarda, chamado Cinque Vie, e aí mostraremos realmente o que é design brasileiro, contando uma historinha que vai daqueles móveis indígenas às criações dos profissionais convidados”, explica Jatobá.

No MADE, Rodrigo Almeida apresenta sua cadeira Barraco, móvel em que diz ter se inspirado nas construções simples da paisagem urbana brasileira, “e suas aleatórias formas caóticas que criam
uma estética que vai além da pobreza”, como ressalta. O designer também leva à Itália a poltrona Construtivista, uma releitura de mobiliário brasileiro modernista sob a perspectiva do movimento homônimo russo. Milão, pelo visto, terá uma participação brasileira à altura de seu amplo leque criativo.

Salão Internacional do Móvel de Milão
De 14 a 19 de abril
salonemilano.it

Expo Milano
De 1º de maio a 31 de outubro
expo2015.org


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