O início do projeto Pivô é proclamado com o lema Da Próxima Vez Eu Fazia Tudo Diferente. Esse parece ser um início incerto, porém seus idealizadores estão focados no caminho preciso e no momento certo. Enquanto o mundo das artes está voltando suas atenções para o Brasil, essa iniciativa abre precedente para a experimentação e pesquisa de arte e cultura contemporânea no coração de São Paulo, no Edifício Copan e com espaço de 3.500 m2 espalhados por três andares.
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O Copan em si possui um amplo legado histórico e cultural, a exemplo da filial implantada no prédio do programa de residência Capacete, iniciado no Rio de Janeiro. No final de 2011, aconteceu no mesmo local a mostra Imóvel, com curadoria de Alessandra Terpins e com obras de 27 artistas. Agora, o Pivô apresenta obras de Adriano Costa, Amalia Giacomini, Carmela Gross, Cristiano Lenhardt, Daniel de Paula, Eduardo Coimbra, Eduardo Frota, Guilherme Peters, Luiz Roque, Marcelo Gomes, Nazareno, Paloma Bosquê, Rogério Sganzerla e Vitor Cesar em seu projeto central, com curadoria de Diego Matos. Provenientes de gerações distintas e defensores de técnicas singulares, esses artistas, segundo o curador, devem desconstruir o local expositivo fragmentado, encontrando cada um a seu modo um ponto de interceptação. O local expositivo atua quase como parte integrante de algumas obras por meio de intervenção direta na arquitetura, como fazem os artistas Amalia Giacomini, Eduardo Coimbra, Eduardo Frota, Guilherme Peters ou Paloma Bosquê. Há ainda tentativas de inversão ao inserir no prédio elementos da arquitetura externa, como se vê nas obras de Adriano Costa, Daniel de Paula, Carmela Gross e Vitor Cesar. Ou seja, tanto o prédio quanto o seu habitat não passam desapercebidos pela forte presença estrutural, além de serem foco de interesse perante as questões de revitalização da cidade de São Paulo e do próprio Copan (considerado cidade única dentro da Grande São Paulo). As obras soam como parte de um todo, o que por fim é um testemunho positivo do diálogo e da interlocução entre si.
Essa mostra central acontece ainda acompanhada de duas outras elaboradas por galerias convidadas. A Galeria Emma Thomas apresenta obras de Lucas Simões e Alexandre Brandão em diálogo com a arquitetura em seu entorno. Já a Galeria Mendes Wood traz a mostra Alphabet of Magi, com curadoria de Jen DeNike, investigando sobre os processos místicos e mágicos nas obras de James Lee Byars, Francesco Clemente, Jen DeNike, Maya Deren, Marcel Duchamp, Sonia Gomes, Alejandro Jodorowsky, Thiago Martins de Melo, Daniel Steegmann e Tunga. Estes surgem como um contraponto à rigidez arquitetônica e dão vazão a um universo mais subjetivo e intenso.
O Pivô surge como uma plataforma autônoma para abrigar a pulsante arte e cultura contemporâneas, que na atualidade despontam de um vasto período introspectivo, buscando um diálogo aberto entre seus interlocutores, pensadores e público diversificado. A informalidade do local inusitado, inacabado e desativado cria uma hegemonia com caráter transitório. Tal fenômeno pode ser constatado em diversos contextos, como o bairro de Mitte, na cidade de Berlim do período pós-Muro, ou ainda o bairro 798, em Pequim, após a abertura econômica. Locais até então caídos em desuso são apropriados pela cena cultural, pois os aluguéis são mais atrativos e há outras facilidades. Após darem visibilidade para alguma localidade e a posicionar em âmbitos nacional e internacional, surge aí a especulação imobiliária. A gentrificação acaba por deslocar os usuários para locais mais distantes e periféricos, devido ao aumento dos valores dos imóveis.
O Pivô almeja fazer parceira com outras instituições, museus, galerias e universidades, estratégia para estender seus tentáculos e atingir parceiros duradouros para elaboração e execução de projetos em longo prazo. Somente assim poderá enraizar-se e manter-se ativo como protagonista de voz ativa. Para os artistas, o Pivô é uma iniciativa primordial, pois a cidade de São Paulo não dispõe de locais suficientes para abrigar toda a cena criativa, que se supera em qualidade e quantidade gradativamente, sem dispor de um local para apresentação de seu potencial.
Além disso, é sempre um atrativo a mais poder explorar locais inusitados, o que pode ser efetivado nessa mostra pelas galerias Emma Thomas e Mendes Wood, proporcionando a seus artistas e convidados um local a mais de projeção na cidade e em diálogo com artistas até então distantes de seu microcosmo original, ou seja, do espaço usual das galerias.
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