Diálogo de ícones

Maquete da exposição Terra Comunal, Marina Abramovic/Metro Arquitetos Associados
Maquete da exposição Terra Comunal, Marina Abramovic/Metro Arquitetos Associados

Com projeto icônico assinado pela arquiteta italiana radicada no Brasil Lina Bo Bardi, o SESC Pompeia representou um pequeno desafio para a curadoria e o projeto expográfico de Terra Comunal. O curador Jochen Volz conta que conversou muito com Marina Abramović sobre as características do lugar, em especial a sobreposição de suas atividades. “A diversidade cria um alto grau de imprevisibilidade no comportamento dos visitantes. Não podemos supor totalmente o que as pessoas vão pensar ou o que estarão fazendo no espaço expositivo. Muita gente pode nem saber que está entrando em uma mostra. Isso é muito produtivo, em princípio. Por outro lado, os trabalhos dela demandam um alto nível de concentração”, explica o curador. “A mostra e a apresentação do Método Abramović promovem uma imersão total na obra ou na ação. Vai ser interessante perceber até que ponto isso funciona abaixo do mesmo teto e ao lado das diversas outras atividades diárias do SESC. Há grande chance de que a concentração presente na obra e no método modifique a energia do lugar.”

Maquete da exposição Terra Comunal, Marina Abramovic/Metro Arquitetos Associados
Maquete da exposição Terra Comunal, Marina Abramovic/Metro Arquitetos Associados

Responsável pela expografia, o escritório Metro acumula experiências com projetos em lugares de arquitetura marcante, como o prédio da Bienal, em São Paulo e o Instituto Moreira Salles, no Rio de Janeiro. No entanto, o arquiteto Martin Corullon pondera: “Não intimida, porém é mais um dado do projeto. Fomos a Nova York em março do ano passado para encontrar Abramović. Quando ela esteve em São Paulo, decidimos, na visita que fizemos aos espaços, que a força do edifício deveria estar presente. As obras requerem certas condições de silêncio visual e clareza espacial, por isso criamos grandes superfícies brancas e lisas, mas deixamos, em várias partes, as paredes e o tijolo ou o concreto visíveis, participando dos ambientes expositivos. Mas não apenas no sentido de materialidade. Deixamos frestas que permitem perceber a simultaneidade de usos, que é uma das virtudes do SESC Pompeia”.

Corullon ressalta ainda que, apesar de manter a presença de Lina e seu projeto arquitetônico, o escritório queria marcar fortemente a intervenção. Para isso, construíram duas paredes, com aproximadamente 50 m de comprimento cada uma, que separam o espaço de convivência em áreas distintas e têm dimensões suficientes para estruturar o grande espaço como um todo. “Elas estão suspensas do chão e não são muito altas, têm 2,6 m. Assim fazemos com que essa grande intervenção seja ao mesmo tempo leve. As paredes permitem que você veja o piso e o telhado ao passar por elas, criando uma continuidade do espaço que, ao mesmo tempo em que separa, não fragmenta”, conclui.

 Planta baixa do projeto. Foto: Marco Anelli/Cortesia do Acervo Marina Abramovic
Planta baixa do projeto. Foto: Marco Anelli/Cortesia do Acervo Marina Abramovic

Terra Comunal – Marina Abramović + MAI 

Até 10 de maio
SESC Pompeia
Rua Clélia, 93 – São Paulo – SP
11 3871-7700 – www.sescsp.org.br/terracomunal


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