Dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três

Há quase 30 anos frente a Bolsa de Artes do Rio de Janeiro, Jones Bergamin é um nome forte no mercado brasileiro. Galerista e leiloeiro, ele acompanha de segunda a segunda tudo o que ocorre em arte. Organiza leilões e avalia diariamente pinturas, gravuras, esculturas, fotografias, objetos, no eixo Rio-São Paulo.

Formado em Física, um dia largou tudo para viver entre colecionadores, artistas, curadores e assumir um papel de destaque. Cabe a ele dizer o que é autêntico ou falso, o que é bom ou ruim e o que vale ou não vale a pena comprar. Em entrevista à ARTE!Brasileiros, ele fala sobre a importância atual dos leilões.

ARTE!Brasileiros — Com a multiplicação do número de feiras e bienais, em todo o mundo, como você vê o papel dos leilões no mercado brasileiro hoje?
JONES BERGAMIN — Bienais continuam existindo no mesmo número de antigamente, e não apresentam concorrência aos leilões, pois elas têm uma atuação institucional e não comercial como são os leilões. As feiras, sim, apresentam uma concorrência grande para as casas de leilões. O interesse principal das feiras é em mercado primário, e os leilões somente em mercado secundário.

ARTE! — O público mudou nessas últimas décadas? Qual o perfil dos compradores em leilões?
J.B. — Antigamente, os compradores eram, em sua maioria, pessoas de mais idade, enquanto hoje elas começam a colecionar com menos idade. Outro ponto importante é o conhecimento que o público tem hoje sobre arte, devido à facilidade de obter informações em um mundo globalizado, o que facilita as duas partes, tanto de quem compra quanto de quem vende.

ARTE! — Qual seria a composição de um leilão ideal hoje?
J.B. — O que importa para um leilão nos dias de hoje é ter uma coleção inédita para o mercado (fresh for the market) com obras de qualidade e preços atraentes.

ARTE! — Em que medida se compra arte, mais por investimento ou por prazer?
J.B. — Acho que não é possível separar os dois motivos, prazer e investimento. O investimento vai sempre existir em obras de algum valor expressivo. Todo colecionador tem prazer em ver suas obras valorizadas.

ARTE! — Quais as vantagens e desvantagens de se adquirir arte em leilões ou em galerias? A carga tributária é diferente?
J.B. — A vantagem nos leilões é que as obras oferecidas são oportunidades que às vezes não se repetem, isto é, são únicas. A desvantagem é que o comprador tem pouco tempo para decidir, seria para pessoas já iniciadas no mercado. A vantagem nas galerias é que o comprador tem mais tempo para pensar e decidir sobre a compra e discutir o valor com a galeria. A carga tributária é a mesma, não há diferença nesse quesito.

ARTE! — Existe interesse significativo em arte de outros países no Brasil?
J.B. — Não há grande interesse em arte estrangeira, o foco principal dos colecionadores brasileiros é em arte nacional.

ARTE! — Com a crescente estabilidade econômica do Brasil, você vê a possibilidade da entrada das grandes casas de leilões internacionais no País?
J.B. — Existe sim. O mercado não cresceu somente em quantidade com mais galerias, colecionadores, artistas, etc., mas também nos valores das obras de arte. Isso poderia atrair o interesse de casas de leilões estrangeiras.


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