Como parte dos eventos paralelos da 57ª Bienal de Veneza, abriu, na última terça-feira (9), uma grande retrospectiva do artista Michelangelo Pistoletto. O italiano foi um dos maiores representantes da Arte Povera, movimento que se desenvolveu originalmente na segunda metade da década de 1960 na Itália. Os seus adeptos utilizavam materiais não convencionais, como areia, madeira, sacos e jornais, com o intuito de eliminar as barreiras entre a a arte e o cotidiano.
A mostra está em cartaz na Basílica di San Giorgio Maggiore, tendo sido feita em parceria com a Abbazia di San Giorgio Maggiore, abadia e claustro de padres Beneditinos. Intitulada One and One Makes Three, a exposição discute o papel a arte no contexto de acirramento dos preconceitos e da intolerância. Espalhadas pela basílica, as instalações fazem referência ao conceito da mostra, tratando das diferenças sociais, econômicas, étnicas e religiosas.
No centro do espaço expositivo, há a instalação Suspended Perimeter – Love Difference, uma série de espelhos organizados em círculo, formando uma espécie de altar ao contrário. “O espelho expande a capacidade do olho e da mente, servindo de mediador entre o visível e o não visível”, explica o texto de apresentação da mostra, que tem curadoria de Lorenzo Fiaschi.
Outra obra presente na exposição é The Time of Judgement, que faz referência às quatro maiores religiões do mundo: Cristianismo, Budismo, Islamismo e Judaísmo. Cada religião é representada por um elemento simbólico colocado em frente a um espelho: uma escultura de Buda, um tapete para oração voltado para Meca e uma cadeira episcopal. A exceção é o judaísmo que é representado pelo próprio espelho. O trabalho trata dos conflitos religiosos e da necessidade de tolerância e respeito ao multiculturalismo.
Em 2002, o artista escreveu um manifesto, chamado I Love The Differences, que tratava dos temas presentes na exposição. No texto, Pistoletto afirma: “O manifesto apoia um conceito que supera o sentimento racional de tolerância pelo diverso e chega diretamente na esfera do sentimento (..) As diferenças entre as pessoas e grupos sociais são as primeiras coisas que precisam ser aceitas e acolhidas de maneira aberta, sensível e calorosa para finalmente dar um significado real a palavra humanidade”
Em cartaz até 26/11, mostra é promovida pela Associação Arte Continua e pela Galeria Continua de San Gimignano, que tem sucursais nas cidades de Pequim, Havana e Quebec.
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