Emma Thomas é a segunda galeria brasileira a abrir filial em Nova York

Terraço do prédio onde a Emma Thomas abre Filial
Terraço do prédio que sedia a filial da galeria Emma Thomas em Nova York. Foto: Alan Fontes/ Divulgação

A galeria paulistana Nara Roesler, que abriu espaço em Nova York em dezembro de 2015, já não é mais a única casa brasileira com filial no exterior. Também na metrópole norte-americana, a Emma Thomas inaugurou oficialmente nesta segunda-feira, dia 8, com exposição individual do mineiro Alan Fontes, um novo espaço no Lower East Side, bairro conhecido como um dos principais polos de arte contemporânea da Big Apple. Evidenciando uma crescente internacionalização do mercado de arte brasileiro, outras duas galerias nacionais – Mendes Wood DM e Galeria Marcelo Guarnieri – também devem abrir filiais fora em um futuro próximo (leia mais aqui).

Segundo Juliana Freire, sócia da Emma Thomas, a experiência é um teste que, se bem-sucedido, pode resultar na permanência definitiva da filial nova-iorquina. Serão seis meses de trabalho, com mostras e residências artísticas, para que uma análise dos resultados possa ser feita. A exposição O Livro do Vento, de Alan Fontes, dá sequência a uma primeira mostra coletiva, Gogó da Ema – que reuniu trabalhos dos artistas Thiago Gonçalves, Fernando Quiterio, Andre Feliciano, Leonardo Remor e Talita Zaragoza – e funcionou como uma pré-abertura da filial. “A ideia é começar pequeno, com uma representação só de artistas brasileiros”, explica Freire.

Para a galerista, a iniciativa faz parte de um movimento mais amplo de internacionalização da arte brasileira, consequência de um fortalecimento do mercado no País nos anos de crescimento econômico. “Então o setor, como um todo, se internacionalizou e conectou mais, incluindo não só galerias grandes e pequenas, mas artistas, instituições, academia e feiras. E quando isso se dá como uma relação de troca é muito positivo. Não é mais a coisa de um país que só absorve as outras culturas e não exporta a sua. Conseguimos vencer isso”, diz Freire. Ela ressalta também o momento difícil pelo qual passa o País, com baixo investimento em cultura, mas afirma que o interesse internacional pela arte brasileira não diminuiu.

Pintura de Alan Fontes que integra a mostra
Pintura de Alan Fontes que integra a mostra

Sobre o espaço nova-iorquino, Freire conta que será uma plataforma para apresentar a produção de jovens artistas brasileiros nos EUA. Se é um investimento que, especialmente em tempos de crise, pode trazer bons resultados financeiros, a Emma Thomas procura estabelecer na cidade não apenas uma relação comercial, mas também de trocas artísticas e fortalecimento de relacionamentos. “Os artistas estão muito interessados em mostrar seu trabalho fora, não só pensando em vendas, mas pelo diálogo com curadores, museus e instituições.”

Para reforçar os vínculos, a galeria está organizando um pequeno programa de residências com os artistas que irão expor na filial durante estes seis meses. Fontes, por exemplo, produziu nos EUA boa parte das obras que expõe agora na exposição. O Livro do Vento, composta por uma grande instalação com 16 pinturas dentro, dá continuidade à investigação do artista sobre tornados, catástrofes naturais e áreas devastadas – tratadas muitas vezes a partir da ótica da unidade residencial. Neste caso, o furacão Sandy, que em 2012 atingiu áreas de Nova York e Nova Jersey, foi o objeto de estudo.

Casa no Campos Elísios que vai abrigar o L.A.C.A. Foto: Camilla D'anunziata/ Divulgação
Casa no Campos Elísios que vai abrigar o L.A.C.A. Foto: Camilla D’anunziata/ Divulgação

Mudança interna

Enquanto promove a abertura no exterior, a Emma Thomas se prepara também para mudar de espaço em São Paulo, no dia 4 de setembro. A galeria sai dos Jardins, onde esteve nos últimos anos, e vai para um casarão antigo no Campos Elísios, centro da cidade, onde dividirá o espaço com outros estabelecimentos culturais. O L.A.C.A (Lugar de Arte Contemporânea Atemporal), como será chamado, sediará, além da galeria, cursos e palestras, atividades de dança e teatro, restaurante e café.

“Queríamos ter um espaço que promovesse uma vivência, que trouxesse o público para mais perto. A gente achava também que devia sair dos espaços tradicionais. Os artistas e galerias acabaram se adequando muito a esse cenário do cubo branco”, explica Freire. “O modelo que a gente quer trabalhar é mais como produtora cultural. A gente é uma galeria, mas nossa missão é fomentar e democratizar o acesso à arte contemporânea, à experiência, ao conteúdo e à aquisição desta produção. As vendas são também mecanismos de fomentar os projetos e exposições”, conclui.


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