Uma parceria internacional entre a Salomon R. Guggenheim Foundation e o governo basco, na Espanha, apresenta desde 1997 uma magnífica coleção com mais de 120 obras de artistas internacionais e espanhóis, em um espaço inédito e de vanguarda, construído às margens do rio Nervión, pelo arquiteto Frank O. Gehry, o Museo Guggenheim Bilbao.
Essa singular obra arquitetônica, quase um navio construído em titânio, se transformou em um dos ícones da arquitetura do fim do século XX e surgiu, segundo seu diretor, Juan Ignacio Vidarte, como parte da iniciativa das diferentes administrações bascas de contribuir com o processo de regeneração da estrutura econômica do país basco, que buscava diversificar o substrato econômico da cidade de Bilbao.
A construção do museu faz parte do programa de revitalização urbanística da cidade, iniciado em 1989, que incluiu a construção de um aeroporto, projetado pelo controverso arquiteto espanhol Santiago Calatrava – idealizador também do Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro –, e um metrô desenhado pelo arquiteto inglês Norman Foster.
Frank O. Gehry, que nasceu em Toronto, Canadá, estudou e morou sempre nos EUA, onde foi profundamente influenciado por amigos artistas, como Jasper Johns e Bob Rauschenberg, que, segundo ele, criavam beleza a partir de materiais e suportes econômicos e começaram a fazer parte primordial da arte contemporânea. “A pintura tinha para mim caráter imediato, que desejava poder emular na arquitetura. Comecei a estudar novos materiais de construção para tentar dar sentimento e espírito à forma. Ao buscar a essência da minha própria expressão, me agradava a ideia de imaginar que era um pintor frente à tela em branco, decidindo qual seria a primeira pincelada.”
De fato, a consequência dessa estrutura de 30 mil placas de titânio e milhares de painéis envidraçados e lajotas de calcário, recobrindo seus 24 mil m2, produzem belíssimos jogos de luz.
Os espaços foram pensados e construídos como parte da concepção de um museu que atravessa o século XX e tem a intenção de oferecer não mais uma proposta enciclopédica, mas, sim, ambientes capazes de albergar obras com diferentes escalas e cujas formas dialoguem entre si.
Segundo a alemã Petra Joos, que já foi curadora do Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofía, de Madri, e é desde 2000 diretora curatorial do Guggenheim Bilbao – responsável por exposições, a coleção e o educativo –, essa seria uma das razões primordiais que teria levado os diretores do museu a idealizar uma exposição junto ao artista brasileiro Ernesto Neto, cuja retrospectiva toma o museu até maio deste ano.
Considerado uma figura extremamente representativa da arte contemporânea internacional, Neto é reconhecido como um artista que reflete o multiculturalismo brasileiro e sua miscigenação – “Su mestizaje”, como disse Petra. Alguém mais preocupado com os encontros do que com as diferenças.
A maioria das suas esculturas e instalações orgânicas se deixa explorar, tocar e, ao atravessá-las, sugerem experiências sensoriais. O corpo, a natureza e a relação de um com o outro estão presentes o tempo todo na obra desse grande artista.
Ernesto Neto – The Body that Carries Me
Guggenheim Bilbao
Avenida Abandoibarra, 2 48009 – Bilbao
Até 18 de maio
www.guggenheim-bilbao.es
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