No contexto de crise política e de total desestruturação do Ministério da Cultura, pode parecer um contrassenso abrir um novo espaço cultural. Os amigos Bianca Bernardo, curadora do Museu do Bispo do Rosário Arte Contemporânea, Cesar Jordão, arquiteto, e Paula Borghi, curadora independente, decidiram ir contra a maré e fundar um novo projeto. Saracura é um espaço alternativo idealizado pelos três que inaugura no Rio de Janeiro, no dia 28/05. O projeto é interdisciplinar, unindo artes visuais, educação e arquitetura.
O objetivo dos idealizadores é que o espaço vá além do cubo branco, sediando exposições, programas de residência, cursos e lançamento de publicações. Segundo a curadora Paula Borghi, para conseguir efetivar o projeto, eles contaram com a colaboração de parceiros que se interessaram pelo projeto e decidiram contribuir sem receber remunerações. É o caso da designer Dora Reis, responsável por toda identidade visual do Saracura. O térreo do edifício também é ocupado pela Editora Multifoco, o que auxilia a diminuir os custos. “Vivemos um momento de crise política, mas também de união. Cada vez mais trabalhar com cultura é uma forma de resistência. O Saracura nasce justamente dessa força, pois entendemos que só podemos resistir se existimos”, afirma a curadora.
Um dos eixos da programação do espaço é o projeto MONOGRÁFICA que tem como objetivo lançar uma publicação de arte concomitantemente a uma exposição de três dias. A ideia é que a mostra potencialize o lançamento do livro. O artista Lucas Bambozzi, por exemplo, lançará a sua publicação O livro das panorâmicas que não cabem em livros junto com a exposição Panorâmicas Contidas. Outros artistas, como Marcelo Amorim, Cristiano Lenhardt e Jorge Feitosa, também participarão do MONOGRÁFICA que já tem programação definida até o fim do ano. Além deste, há o projeto SARA-HÁ que é voltado exclusivamente para a performance. Com duração de um dia, sempre aos sábados, em cada edição uma curador ou artista é convidado a organizar a programação. No dia 16/07, por exemplo, o projeto fica a cargo do curador Nadan Guerra.
A educação também é uma preocupação central dos fundadores do Saracura que organizaram um Programa de Residência Artística. Serão selecionados dois artistas (ou coletivos): um que more no Rio de Janeiro e outro que seja de fora da cidade. Os escolhidos passarão cerca de dois meses no espaço, que conta com ateliê e moradia para aqueles que não sejam do Rio, e produzirão um livro e uma mostra que serão lançadas no dia 10/08. As inscrições ficam abertas até 09/06, sendo destinadas exclusivamente à artistas visuais da América Latina, de 21 a 81 anos. Os interessados devem enviar portfólio para o email residenciasaracura@gmail.com . A equipe também promoverá cursos pagos sobre curadoria e áreas afins, para saber mais clique aqui.
No dia de abertura do espaço, será lançada a exposição Primeira de muitas, na qual artistas que colaboraram com o projeto, como Leo Ayres e Luisa Brandelli, apresentarão suas obras. O Saracura surge num contexto de afirmação de uma nova cena alternativa no Rio de Janeiro, com a inauguração de outros projetos independentes como o Espaço Átomos, que se juntam à outros como o Largo das Artes e o Barracão Maravilha. Segundo Paula Borghi, trata-se de um esforço de construir “plataformas para o encontro, dialogando com produtores autônomos e redes de economia alternativas”.
Serviço – Saracura
Abertura no dia 28/05, com a exposição Primeira de muitas
Rua Sacadura Cabral, 219 Saúde | Rio de Janeiro
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