Neste ano a diretora da FIAC, Jennifer Flay, à frente da tradicionalíssima feira francesa, desde 2003, está exultante com a expressiva presença de galerias nacionais e internacionais. Muitas delas americanas e asiáticas, que nunca haviam participado, e com grande adesão de galerias brasileiras.
Luisa Strina, Raquel Arnaud, Luciana Brito e Nara Roesler frequentam a FIAC há um tempo. Já as galerias paulistanas Mendes Wood e Fortes Vilaça inauguraram sua participação no embalo do sucesso da arte contemporânea brasileira na Europa. Decidiram investir, também, nesse outro mercado que, de fato, reúne muito do público comprador que costuma frequentar ART Basel, na Suíça, a maior feira europeia e onde o custo-benefício de estar presente é infinitamente menor.
“Nosso público representa o coração do colecionismo europeu e o público francês é interessado em arte internacional. A FIAC é uma referência de qualidade e sofisticação e ela sobrevive a diferentes tipos de crise há mais de 40 anos”, diz Jennifer.
Aliás, quanto à sofisticação, ninguém pode negar. A maioria das galerias apresenta solo projects, ou seja, escolhe um ou dois artistas no máximo e explora seu trabalho, enquanto outras apresentam apenas artistas consagrados. Por outro lado, só o fato de beneficiar-se da luz que entra pela abóboda do Gran Palais, colabora para que as obras possam ser muito bem apreciadas.
A FIAC acontece com apenas dias de diferença da londrina Frieze, onde o público é diferente. E, como observa Jennifer, a feira inglesa é mais jovem, aposta mais nos emergentes e, fundamentalmente, os colecionadores pertencem a um setor econômico diferente. “Em geral, são donos de fortunas construídas no mercado financeiro”. A maioria das galerias brasileiras participava da Frieze, onde os resultados aparentemente foram muito bons.
Um dos pontos altos da feira francesa está sob a cúpula de vidro do Grand Palais, onde o mestre argentino, que mora em Paris até hoje, Julio Le Parc expõe uma peça histórica, desenhada nos anos 1970 e montada agora, dez anos depois, pela galerista Nara Roesler, estabelecendo um diálogo com dois trabalhos móveis da brasileira Lucia Koch. Nara aproximou as peças que têm o discurso semelhante sobre cor, luz, transparência e movimento.
Já a galerista Luciana Brito levou de Marina Abramovic a instalação 100 Letters, 1965-1979, nunca antes mostrada ao público.
A FIAC, junto à Bienal de Lyon e à Docks Art Fair, que acontece na mesma cidade, denotam que a França ainda esbanja vigor em arte.
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