Finep doa 222 obras de Portinari ao Museu Nacional de Belas Artes

Retrato de José Mariano Filho (Óleo sobre tela) (Foto: Divulgação / Joaquim Soares)
Retrato de José Mariano Filho (Óleo sobre tela) / Foto: Joaquim Soares

Um dos mais prestigiados artistas brasileiros do século 20, Cândido Portinari produziu em torno de cinco mil obras durante uma trajetória relativamente curta – morreu aos 58 anos em 1962. A grande maioria delas, segundo João Cândido Portinari, filho do pintor, encontra-se hoje em acervos privados e não está exposta ao público. “Mais de 95% do acervo continua invisível ao público brasileiro. As obras só são visíveis através do trabalho que o Projeto Portinari fez pelo site e pelas exposições que a gente faz com reproduções. Quando vem alguém perguntar onde pode ver Portinari, a gente fica até envergonhado de dizer”, conta.

Daí a enorme importância da doação feita no início deste ano pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) ao Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), localizado no Rio de Janeiro. A empresa – que é pública e vinculada ao Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação – doou 222 obras (17 delas estão emprestadas ao Palácio do Planalto) de sua coleção de Portinari para a instituição, fazendo dela detentora do maior acervo público do artista. Por coincidência ou não, o Museu de Belas Artes é sediado na Escola Nacional de Belas Artes, onde Portinari se formou na juventude.

Esboço para a pintura de mural (Grafite sobre papel) / Foto: Joaquim Soares
Esboço para a pintura de mural (Grafite sobre papel) / Foto: Joaquim Soares

Entre as 205 obras que chegam ao MNBA estão pinturas, esboços e estudos – como alguns feitos para os painéis “Guerra e Paz” – produzidos no período de 1920 até a década de 1950. São pinturas a óleo em tela, desenhos em grafite, nanquim bico-de-pena , caneta tinteiro, gravura a água-forte e água-tinta em papel, dentre outros. Elas passarão por um processo de análise, catalogação e restauração – já em andamento – e devem ser expostas ao público a partir de maio deste ano, segundo a diretora do museu, Mônica Xexeo. “Vamos fazer um recorte da doação e apresentar em um dos espaços do museu. Vamos devolver à sociedade essas obras, que nunca foram expostas”, diz Mônica.

Para a ministra da cultura, Marta Suplicy, a doação reforça a importância do Museu Nacional de Belas Artes. “São obras excepcionais. Isso torna o museu especialíssimo, por Portinari ser um dos grandes pintores brasileiros, talvez o mais importante dos modernistas. Termos esse acervo é relevante porque ele falava da identidade brasileira. Qualquer brasileiro que olhe Portinari se percebe brasileiro de forma muito forte”.

As obras estavam com a Finep desde 1998, guardadas em um cofre depois de terem sido usadas como garantia para o pagamento de um financiamento tomado pela família do pintor para divulgar seu legado. O MNBA já havia recebido cinco obras de Portinari em 2013, entre elas “A primeira missa” (1948), adquirida pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) por R$ 5 milhões e doada ao museu em janeiro, e as telas da Capela Mayrink, na Floresta da Tijuca.  


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.