Bananeiras, orquídeas, arrudas e até cipós se transformam em pequenas peças de arte nas mãos de Miriam Kimelblat. A designer de joias carioca reproduz as formas orgânicas da flora brasileira em objetos de ouro esculpidos à mão, que surpreendem pela textura e leveza. “É um objeto de arte que será usado, então, não pode incomodar, arranhar, estragar a roupa. Tenho grande preocupação com o acabamento e o conforto”, diz ela.
O primor alcançado em suas joias é resultado de mais de 20 anos de experiência de trabalho ao lado do pai, Natan Kimelblat – dono da joalheria Natan, com 44 anos de existência e 10 filiais espalhadas pelo País. Além de estágio e cursos na Itália e Suíça.
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“Foram muitos anos de prática para chegar à leveza dessas peças. A complexidade está em fazer a peça com a menor espessura possível, mas que resista à pressão na hora de virar metal. Um milímetro a menos pode levar tudo a perder”, conta.
Os objetos nascem de um bloco de cera e passam por várias etapas de escultura. Muitos deles são esculpidos em partes que mais tarde são integradas em uma única peça. O objetivo é conseguir “movimento”. “A sensação de a peça estar viva”, afirma. Toda montagem é feita à mão. “O resultado é um objeto que pode ser visto de qualquer ângulo, existe uma sequência entre as partes, diz.”
O ródio negro, utilizado no acabamento, é responsável pelo contraste e pela profundidade dos desenhos, além de contribuir para a exclusividade de cada peça. “Como trabalho com muitos detalhes, o banho de ródio é essencial, pois ajuda as formas a “saltarem”. Mesmo que eu tente, é impossível obter a mesma tonalidade em todas as joias. É muito artesanal”, afirma.
Fascinada pelos contrastes, Miriam também aposta na mistura de pedras preciosas, como brilhantes, safiras, esmeraldas e turmalinas brasileiras, de diferentes tamanhos e tonalidades. “A forma de cravar e a distância entre elas alteram totalmente seu efeito”, diz. A confecção de uma joia pode demorar de uma semana a um mês.
A designer afirma que não possui um ritual de criação e que colhe referências na própria natureza. “Já cheguei a ir ao Jardim Botânico do Rio de Janeiro para observar as formas de uma pétala de orquídea, mas não para colher ideias.” A inspiração, segundo ela, vem do dia a dia. “É como se uma parte da minha mente estivesse sempre conectada com meu trabalho.”
A crença no sobrenatural, presente na cultura brasileira, aparece em algumas peças de Miriam, como folhas de arruda (para proteger contra o mau-olhado) e anjos da guarda.
Se as joias ajudam a contar a história da civilização, como acredita ela, ao fornecer dados não apenas sobre a cultura de um povo, mas sobre o modo de trabalho e a evolução de técnicas, seu ateliê, localizado em Ipanema desde em 2006, pode ser uma boa fonte de informação.
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