Há três razões básicas para se comprar uma obra de arte: fruição, investimento e colecionismo. Razões essas que afetam o equilíbrio entre oferta e procura no mercado de arte. Não há duvidas das implicações psicológicas em cada uma dessas razões, mas estão longe do diagnóstico científico. Portanto, vamos nos ater a argumentos simples e lógicos.
Comprar determinada obra de um artista favorito pelo simples prazer de tê-la em nossa companhia, nos parece a mais lógica entre as razões que levam alguém a querer adquiri-la. Tudo o que possuímos como obra de arte diz muito sobre nossa personalidade e também se presta às mensagens de status social, estilo de vida e poder econômico. Obras, como as de Di Cavalcanti, Portinari ou Tarsila do Amaral, de alto valor de mercado, causam impacto imediato no expectador. Fruição, portanto, é uma experiência pessoal, íntima e intransferível.
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Adquirir obras de arte motivado por investimentos é uma escolha que exige ainda mais trabalho de pesquisa e conhecimento de mercado. A procura por uma boa oportunidade exige paciência e constância. Um grande negócio pode vir em um dia chuvoso ou frio de leilão, ou por um deslize ou negligência daqueles que determinam o lance mínimo. Para quem vende, há de se considerar aspectos básicos que, invariavelmente, compõem uma boa negociação, respondendo às questões elementares como: o mercado é o mais apropriado? Há compradores naquela cidade ou país? O produto é apropriado para aquele mercado? Há interesse do público pela obra? A hora é certa? As condições econômico-sociais e a época do ano são favoráveis à venda? O lugar é adequado? O comerciante escolhido alcança o público certo? O que fazer quando se precisa de liquidez rápida? Como avaliar e partilhar obras de arte deixadas por parentes?
Se as respostas não forem satisfatoriamente respondidas, o mais prudente é recorrer a um consultor de arte. Figura imprescindível, é ele quem pode melhor orientar o proprietário com relação a todos os aspectos envolvidos na operação de compra ou venda.
A compra para colecionismo exige desprendimento pelo dinheiro, coragem em apostar no desconhecido, e muita paciência. É um ato de íntimo prazer, invariavelmente, acompanhado de um olhar privilegiado. Um bom exemplo pode ser visto na exposição apresentada no IAC – Instituto de Arte Contemporânea, até o dia 22 de maio. A galerista Raquel Arnaud nos apresenta, dentro do programa de exposições de coleções particulares para este ano, parte da coleção Tuiuiu, de Luis Antonio Braga. A mostra não só nos possibilita ver e admirar obras de beleza ímpar dos mais celebrados artistas modernistas e contemporâneos, mas também revela o gosto sofisticado e o olhar apurado do colecionador. Um exemplo para quem deseja colecionar, e uma lição de quão trabalhoso e custoso é formar uma coleção de verdade.
Marco Aurélio Jafet é administrador de arte com título de MFA (Master of Fine Arts) pela Columbia University de Nova York
Ops!:Na página 18 da edição 4 da revista Arte!Brasileiros, onde se lê: “…parte da coleção Tuiuiu, de Ricardo Braga”, o correto é “…parte da coleção Tuiuiu, de Luis Antonio Braga”. Republicamos o texto, acima, com as devidas correções.
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