Galerista de grandes artistas

Meu pai, Fernando Millan, foi antiquário, teve galeria, trabalhou na comissão da Exposição do IV Centenário da Cidade de São Paulo, na Bienal Internacional de Artes e também no MASP. Convivo com esse meio desde que nasci. Tenho formação acadêmica em história e, quando terminei o bacharelado, fui fazer um curso de história da arte na França. Voltei para o Brasil e fui trabalhar com meu pai. Tempos depois, abri minha própria galeria, já tinha muito contato com os artistas. Meu pai era muito amigo da Mira Schendel, uma das artistas de quem, hoje, representamos o espólio. Artistas como Di Cavalcanti se hospedavam em nossa casa. O Artur Barrio – que, coincidentemente, trabalha comigo, hoje, e vai participar da próxima Bienal – foi um dos artistas que expus com meu pai, há 25 anos. Abri minha galeria no princípio da década de 1990. Um período muito difícil. Meu pai fechou a galeria dele, justamente, porque o mercado estava absolutamente estagnado. Montei um pequeno espaço, representando alguns artistas, e alguns deles estão comigo até hoje, como o Tunga.

Minha percepção de mercado é reservada. Acho que o mercado de arte anda, hoje, numa velocidade acima da desejada. Assim como o mundo. Existe uma pressa e um desejo de sucesso – seja ele financeiro ou de reconhecimento – que são muito perigosos. Uma carreira se constrói com trabalho. Tem que dar lastro às coisas e ao tempo. Não acredito em tendências, em modismos, em carreiras efêmeras. O trabalho da galeria é realizado dia após dia e tem de ser desenvolvido para um resultado a longo prazo.
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Você tem exemplos e exemplos de artistas que fizeram muito sucesso em algum período e viraram pó. Desapareceram. Acho que essa urgência em valorizar o trabalho é uma alternativa menos válida. O tempo é quem dá estas respostas. Você pega uma grande artista como Mira Schendel, que foi reconhecida, mundialmente, só depois de sua morte; artistas como Artur Barrio, como o Tunga ou mesmo Miguel Rio Branco, estão aí trabalhando, há 20, 30, 40 anos, para serem reconhecidos. A estratégia correta é essa, fugir das tendências, dos modismos e dessa velocidade que é imposta pelo mercado de artes. A atuação da galeria tem de ser lenta e gradual, para conferir consistência. Atitudes que resultam em um trabalho que perpetua e desperta interesse fora do País. O mercado internacional é muito bem-vindo e é ótimo que ele seja receptivo com a arte produzida aqui. Evidentemente, a arte contemporânea cresce em progressão geométrica. A tendência de hoje é não existir mercado nacional e internacional, e sim um mercado comum, que abrange todos os continentes. Um mercado sem fronteiras.


Galeria Millan
R. Fradique Coutinho, 1360
Fone: (11) 3031-6007
www.galeriamillan.com.br



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