Encontra-se em cartaz em Belém do Pará, até 5 de junho, a exposição itinerante Hélio Oiticica – Museu é o Mundo, com obras e filmes do pintor, escultor e performático Hélio Oiticica (1937-1980) – um dos artistas brasileiros mais pesquisados e exibidos no exterior, apesar de ter vivido muito pouco, apenas 42 anos. A mostra se reveste de grande importância por resultar do esforço dos curadores César Oiticica Filho (sobrinho do artista), Fernando Cocchiarale e Wagner Barja, com recursos e expertise do Ministério da Cultura e do Instituto Brasileiro de Museus, para salvar este importante acervo, atingido por um incêndio em 2009.
A retrospectiva com 100 peças, das quais 65 pertencentes à coleção da família, cobre todos os períodos da produção de Hélio Oiticica – do início do Grupo Frente (núcleo do concretismo carioca) aos anos 1970 – e seu aspecto mais ambicioso é extrapolar a galeria. Como indica o próprio nome da exposição, Museu é o Mundo, citação do artista, que adorava fazer longas caminhadas pela cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu, os trabalhos se espalham por seis espaços na capital paraense.
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Éden, um conjunto de vários ambientes que integrou a primeira exposição de Oiticica em Londres, em 1969, está no Centur. E os monumentais e raríssimos penetráveis Gal (1969), na Casa das 11 Janelas; Nas Quebradas (1979) está na Estação Docas; e Rhodislandia (1971), no Fórum Landi. Tropicália (1967), que além de inspirar o nome, ajudou a consolidar a estética do movimento tropicalista na musica brasileira, e Rijanviera (1979), estão no Museu Histórico do Estado do Pará (MHEP); Macaléia (1978) e A Invenção da Luz (1978/1980), no Museu do Forte do Presépio. No Museu Histórico podem ser vistos, ainda, os famosos Metaesquemas (desenhos do período neoconcreto), guaches e uma calça feita para a Escola de Samba Mangueira, além de alguns Bólides (1963-1967).
O objetivo dos curadores foi romper fronteiras, não só as paredes do museu. Algumas das grandes instalações ficam ao ar livre, ampliando ao público o acesso à arte. César Oiticica Filho lembra que no final de sua vida Hélio Oiticica “não se considerava mais um artista, mas um propositor que instigava o artista que existia em cada pessoa”. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, onde foi exibida no ano passado, a mostra também ocupou diferentes espaços.
Ana Maria Ciccacio é especialista em jornalismo cultural e responde pela assessoria de imprensa da Associação Viva
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