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ABERTA PARA CONVIDADOS em 9 de maio, a 8ª edição da SP-Arte reuniu 110 galerias (27 delas internacionais), mais de três mil obras (com valores que partiam de R$ 120,00 e superavam a casa dos R$ 8 milhões) e ocupou pela primeira vez três pavimentos do Pavilhão Ciccillo Matarazzo, o prédio-sede da Fundação Bienal, no Parque do Ibirapuera, que foi projetado por Oscar Niemeyer e, desde 1957, na 4ª edição da mostra, passou a ser a sede oficial da Bienal Internacional de São Paulo.
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A demanda por espaço (que desde a primeira edição trazia desapontamentos a alguns assíduos expositores) e o aumento de galerias internacionais (em 2011, foram 14) refletem aspectos inegáveis: é cada vez maior o interesse de colecionadores locais e estrangeiros pela arte produzida no Brasil. A isenção fiscal para negociações de obras estrangeiras, anunciada pelo governador Geraldo Alckmin que propiciou a vinda de obras valiosas como os móbiles de Alexander Calder, trazidos pela Dan Galeria, e a chegada de grandes galerias internacionais – como a londrina White Cube, que vendeu logo em sua abertura para os convidados as obras Polifenoloxidase (2004) e Nenhum Amor Perdido (2008), do celebrado artista britânico Damien Hirst, respectivamente, por R$ 1,9 e R$ 2,5 milhões.
A edição 2012 da SP-Arte apresentou outras boas novidades, como um núcleo de publicações, que teve a ARTE!Brasileiros como parceira em um estande onde a interlocução com leitores, galeristas, artistas e colecionadores foi intensa, e também no hotsite da feira, atualizado diariamente por nossos repórteres e fotógrafos. O núcleo ainda trouxe um estande da ArtNexus, a importante revista colombiana, que está em seu 35° ano de existência. Também marcaram presença duas jovens editoras brasileiras, notórias por dedicar espaço primoroso a publicações de artistas: a Cosac Naify e a Edições Tijuana, braço editorial da Galeria Vermelho.
A feira ainda promoveu bate-papos diários e um laboratório curatorial, que analisou 40 projetos e escolheu quatro propostas, vencidas por Bernardo Mosqueira, Kamilla Nunes, Marta Mestre e Renan Araujo. Nos descontraídos encontros entre visitantes e grandes personalidades do mercado, dois pontos altos: um deles protagonizado pelo galerista Thomas Cohn, que em março de 2012 anunciou o fim de suas atividades e, muito bem-humorado, recordou sua trajetória. Dois dias depois, o colecionador João Carlos de Figueiredo Ferraz comandou um disputado bate-papo. Em depoimento à ARTE!Brasileiros, ele foi enfático ao avaliar a importância do colecionismo: “O Brasil é um País que não tem uma estrutura formal de Estado para ter acervo e os colecionadores são fundamentais para registrar essa história, uma vez que os museus e instituições públicas ainda não são capazes de fazer esse trabalho sozinhos”.
Mas nem só de colecionadores, galeristas e artistas é feito o público de uma feira internacional. Entre os dias 10 e 13 de maio, a SP-Arte reuniu mais de 20 mil visitantes, experimentando um aumento de público de quase 20% (em 2011, foram cerca de 17 mil). Boa parte desses visitantes, certamente, interessados em ver de perto obras emblemáticas de arte moderna concentradas no segundo pavimento, assinadas por gigantes, como Josef Albers,
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Marc Chagall, Alfredo Volpi, Candido Portinari e ícones da produção contemporânea (expostos no primeiro piso), como Lygia Pape, Adriana Varejão, Waltercio Caldas, Hélio Oiticica e Beatriz Milhazes, entre outros. “Uma feira como essa não deixa de ser também um belo passeio cultural”, ressaltou o artista Mario Gioia em visita guiada para convidados no primeiro dia da feira.
Como em todos os anos, a feira contou com a presença de algumas das maiores galerias do País, entre elas as paulistanas Luisa Strina, Raquel Arnaud, Nara Roesler, Fortes Vilaça, Casa Triângulo, Millan, Maria Baró, Luciana Brito, Marilia Razuk, Leme e Vermelho; as cariocas H.A.P. e A Gentil Carioca; a mineira Celma Albuquerque; e a gaúcha Bolsa de Artes. No terceiro pavimento, jovens galerias, como Amarelo Negro, Central, Logo e Galeria de Babel, marcaram presença. A 8ª edição da SP-Arte também foi marcada pela primeira participação de uma galeria japonesa, a Kaikai Kiki Gallery, sediada em Tóquio. Novidade esta sintomática desses novos tempos de ascensão e consolidação do nosso mercado.
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