IV Seminário Internacional ARTE!Brasileiros reúne nomes consagrados da arte contemporânea


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Carolyn Christov-Bakargiev, diretora artística da Documenta 13 e curadora da Bienal de Istambul 2015. Crédito: Coil Lopes

A segunda parte do IV Seminário Internacional ARTE!Brasileiros contou com a presença de Agustín Pérez Rubio, diretor artístico do MALBA, Carolyn Christov-Bakargiev, diretora artística da Documenta 13 e curadora da Bienal de Istambul 2015, Diana Wechsler, diretora artístico acadêmica de BIENALSUR e Marina Fokidis,  diretora do departamento artístico da Documenta 14 em Atenas. O painel foi mediado pelo crítico de arte e membro do conselho editorial da ARTE!Brasileiros, Fabio Cypriano.

Carolyn Christov-Bakargiev falou sobre a mostra Intention to Know, que ela organizou junto com o artista norte-americano Theaster Gates. A exposição era uma homenagem à ativista britânica do século XIX Annie Besant. Ao longo de sua vida, ela desenvolveu teorias sobre a arte abstrata e a Teosofia, doutrina que surgiu na Índia e condensa elementos filosóficos, religiosos e científicos. Essas “abstrações do plano astral e mental” propostas por Besant também foram tematizadas por Bakargiev na Bienal de Sidney em 2008. “Ao longo das minhas pesquisas, eu percebi que os artistas que eram mais revolucionários na historia, foram também revolucionários como cidadãos. Em Sidney, eu quis falar sobre todos os formatos que a revolução pode ter, algo que me lembrava bastante os Parangolés desenvolvidos por Helio Oiticica”, afirmou.

A curadora também comentou sobre os desafios que enfrenta agora que é curadora do Castello di Rivoli Museum of Contemporary Art, em Turim na Itália. Citando o filósofo Theodor Adorno, Bakargiev defendeu que as categorias “podem se tornar muito opressivas, mas aos poucos isso está mudando”. Segundo ela: “a forma como nossos museus se organizam revela justamente a quebra desses paradigmas, com uma expografia mais livre”. 


A criação de novas visões a respeito dos museus também foi mencionada por 
Agustín Pérez Rubio. Segundo o diretor artístico do MALBA, os museus devem ser “organismos vivos, tornando-se flexíveis diante das novas realidades”. Rubio alegou que tradicionalmente essas instituições culturais foram associadas ao tempo histórico e linear. “No entanto, devemos pensar a partir de outras lógicas, um mesmo momento pode ser marcado por múltiplas temporalidades”, afirma. Ele ainda reforçou a importância dos museus se abrirem a outras narrativas, além das oficiais, provindas de grupos marginalizados historicamente como os índios, as mulheres e homossexuais.

Já a historiadora da arte Diana Wechsler falou sobre a criação da Bienal Sur, nascida no cerne do UNASUR (Unión de Naciones Suramericanas) e da vontade de um grupo argentino ligado à educação e à arte contemporânea. O evento está sendo realizado ao longo de 2016 e 2017. As atividades ocorrem na Argentina e simultaneamente em vários países, não apenas da América do Sul. A Austrália, Benim e Alemanha já se juntaram à bienal. É possível promover um diálogo verdadeiro em condições de igualdade entre alguns dos artistas mais renomados do mundo e seus colegas da América do Sul? Essa questão permeia a mostra que tem como plataforma a Universidad Nacional de Tres de Febrero, o que incorpora ao processo museus, universidades e centros culturais e de pesquisa artística através da construção de uma rede de parcerias.

Os dilemas do Sul também marcaram a fala de Marina Fokidis. A diretora do departamento artístico da Documenta14 comentou que com a crise européia “houve uma separação do continente entre norte e sul. Nessa divisão, a Grécia e outros países assumiram os estereótipos negativos do que seria o sul”. Foi nesse contexto que a revista South as a State of Mind, hoje plataforma de conteúdo da Documenta 14, foi idealizada. Trata-se, portanto, de um veículo que apresenta um ponto de vista diferente do hegemônico, provindo do Norte. Mas como a própria curadora reforça, em entrevista concedida à 36ª edição da ARTE!Brasileiros, não se trata de um conceito de Sul restrito ao sentido geográfico, mas de “um ponto de encontro para intensidades partilhadas (..)um estado de espírito que evolui para caminhos indefinidos” (Veja a matéria completa neste link).






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