O Lichtfaktor foi a sensação na Bloom ART.FAIR Cologne do ano passado e a bola da vez no mundo das novas linguagens. Seus grafites luminosos, executados com luzes coloridas, incendeiam qualquer evento que, com eles, vira festa. Autores de um desenho espacial, a lightwriting (escrita de luz), o Lichtfaktor é hoje um dos grupos de novas mídias mais reconhecidos da Alemanha. Eles são os responsáveis por levar o grafite de rua ao mundo da web.
O bem humorado trio é formado por artistas que atuam na cidade de Colônia, que é celeiro da arte contemporânea, onde está o famoso Museum Ludwig Köln. Com exceção de Marcel Panne, que é de Montecarlo, os demais são alemães. Panne aliou sua experiência de fotógrafo e VJ para mergulhar nos grafites luminosos de rua e se juntou ao programador e VJ Jens Heinen, também conhecido como beat.surfers. Por último, chegou o designer de comunicação e grafiteiro David Luepschen, mais conhecido como JIAR. Assim, a trinca luminosa estava formada com o nome de Lichtfaktor, que em alemão quer dizer “Fator de Luz”.
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As centenas de intervenções-grafites com desenhos que irradiam volumetria em movimento, são criadas com objetos luminosos ou lâmpadas – como a Xenon, mais suave, e a LED, para desenhos de traços finos e precisos. Olhando para trás, Marcel Panne nunca imaginou que aquele inverno de 2006 mudaria sua vida, quando conheceu o light graffiti, que pode ser explicado como pintura com a luz que o vídeo e a fotografia revelam, após tempo prolongado de exposição do objeto luminoso diante da câmera. Logo à primeira vista ele se apaixonou, chamou os amigos e não pararam mais. Como VJs, filmavam sempre no meio dos grafiteiros alemães – por isso, chegar ao grafite luminoso foi um passo.
Desde sempre o homem foi atraído pela luz. Desde crianças estamos ligados ao percurso incandescente de um fósforo, de uma lanterna, ou de um fogo de artifício. Se, muito rápidos, podíamos até rabiscar o ar com os palitos de fósforos nas festas de quermesse. Os integrantes do Lichtfaktor conseguiram fixar esses desenhos no tempo e ainda fotografá-los, transformando-os em grafites.
Quase nada escapa das luzes desses jovens que se apropriam de latas de lixo, cabines telefônicas e sinais de trânsito, que, com eles, ganham vida e podem até se transformar em criaturas do outro mundo, como as de Starwars v Startrek, o primeiro trabalho pago e feito pelo Lichtfaktor em outro país. Com carta branca para fazerem o que passasse pela cabeça, nas quatro noites em que invadiram Londres reinventaram a cidade usando o design gráfico, o vídeo e a fotografia.
Mas aonde eles buscam tanta inspiração? Eles são fãs de Picasso, de Wolf Vostell, do movimento Fluxus, de videomakers como Laurie Anderson e de diretores de cinema como George Lucas, Kubrick e tantos outros. Nas palavras dos Lichtfaktor, Picasso foi o primeiro a inventar a técnica de lightwriting, “mas na fotografia há muito mais gente que experimentou”, afirmam. “Picasso introduziu às pinturas com luz, a combinação das duas técnicas”. Para os mais experimentalistas, eles avisam que com algum conhecimento de luz e fotografia, qualquer pessoa também pode fazer o mesmo. O Lichtfaktor explica tudo na sua página do Myspace. E, para os mais desconfiados, que pensam que as imagens podem ser alteradas em pós-produção, eles garantem: “As imagens são todas feitas com a câmera, sem efeitos em computador nem manipulações”.
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