Maior exposição dedicada à arte contemporânea portuguesa já realizada no Brasil, Portugal Portugueses reuniu no Museu Afro Brasil, em São Paulo, cerca de 270 obras de 47 artistas do país europeu. A mostra, com curadoria do diretor da instituição, Emanoel Araújo, esteve em cartaz entre 8 de setembro de 2016 e 8 de janeiro de 2017 e recebeu mais de 70 mil visitantes. Com o encerramento da exposição, o Museu Afro lança agora um detalhado catálogo da mostra, com textos sobre todos os artistas participantes e fotos de boa parte das obras.
“Por muitas razões, a arte portuguesa tem um leque enorme de situações que nos comove, porque nela existem resquícios da África, do Brasil e, naturalmente, do próprio Portugal”, escreve Araújo no texto de apresentação, ressaltando as conexões passadas e presentes entre os dois países. “Essa exposição celebra uma união inevitável de encontros e desencontros, do que foi e do que é a nossa formação como povo descoberto, colonizado e enfim independente com um português-brasileiro, o Dom Pedro I do Brasil, que foi Pedro IV de Portugal.”
Na sequência da apresentação do curador, o catálogo apresenta uma entrevista com o filósofo e crítico português Eduardo Lourenço feita pelo jornalista Claudio Leal. Para além dos textos sobre os expositores contemporâneos (veja aqui a lista completa), o livro dedica um espaço aos três artistas homenageados na mostra, Amadeo de Souza-Cardoso (1887-1918), Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905) e Beatriz Costa (1907-1996).
O catálogo se apresenta como um importante registro da mostra que, junto à 32ª Bienal de São Paulo (com cinco artistas portugueses convidados) e uma exposição no consulado do país em São Paulo ajudaram a expandir o alcance da arte contemporânea portuguesa no Brasil. Como escreve Araújo na apresentação: “Portugal é muito mais que um país. É uma aventura de tempos memoráveis, senhor das conquistas e das descobertas do Brasil e da África. Pelo mundo afora foi um terrível escravocrata, valendo-se da escravidão negra para desenvolver suas descobertas na América e na África. Também foi um colonizador que se miscigenou e espalhou artes e ofícios por onde passou em terras d’além mar”.
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