Mesmo antes da abertura, a 12ª Bienal de Havana já era diferente

Michelangelo Pistoletto, Terzo Paradiso, 2014, dias antes das conversas entre Obama E Raúl Castro - Foto: Paola Marínez Fiterre e Alejandro Mesa Crespo
Michelangelo Pistoletto, Terzo Paradiso, 2014, dias antes das conversas entre Obama E Raúl Castro – Foto: Paola Marínez Fiterre e Alejandro Mesa Crespo

Como a única jornalista e curadora estrangeira a ter viajado a todas as edições da Bienal de Havana, faço aqui um comentário rápido sobre esta 12a edição, antes de partir para a Ilha. E, no próximo número, teremos uma cobertura completa. Neste ano, mais do que em outro qualquer, a Bienal se estende por toda a cidade, contemplando bairros distantes, envolvendo e convidando a população para performances de dança, teatro, música, cinema, literatura e, é claro, artes plásticas.

Com o tema Entre a Ideia e a Experiência, esta edição já movimentou nomes como Michelangelo Pistoletto, que fará intervenção urbana, performance e conferência, Daniel Buren, Anish Kapoor, Joseph Kosuth e, do Brasil, Regina Silveira, que ocupa grande área de um estacionamento com intervenções de grafites. Tudo está apontando para ser uma bienal diferente, depois que os presidentes Barack Obama, dos Estados Unidos, e Raúl Castro, de Cuba, deram um histórico aperto de mãos.

Esta edição já é um marco dentro da história da Bienal de Havana. Poucos sabem, mas o Museu Bronx de Nova York trabalha com a comunidade artística de Cuba desde o lançamento da primeira Bienal de Havana, em 1984, ignorando o embargo imposto pelo governo dos EUA. Neste ano, a instituição expõe no Museu Nacional de Belas Artes de Cuba, até 16 de agosto de 2015, a coletiva Ruído Selvagem, com mais de cem obras da coleção permanente do Bronx. Ruído Selvagem, retirado de um poema de Victor Hugo, Ma Vie Est Déjà Dans l’Ombre de la Mort, refere-se ao caos dos espaços urbanos, onde começa o infinito. O evento contará com obras criadas a partir da década de 1960 até o presente, com trabalhos de Vito Acconci, Lawrence Weiner, Glenn Ligon, Lisa Kahane, Chakaia Booker e Huma Bhabha, entre outros artistas do acervo nova-iorquino.

Depois, será a vez de Cuba enviar, pela primeira vez desde 1960, mais de cem obras da coleção permanente do MNBA para os EUA, para serem apresentadas no Museu Bronx, na primavera de 2016. O evento é apoiado pela Fundação Ford e Fundação Robert Sterling Clark. Definitivamente, caiu o muro.

12ª Bienal de Havana – Entre a Ideia e a Experiência
Até 22 de junho
bienalhabana.cult.cu


Comentários

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.