Foto Sofia Colucci/Divulgação
Se na 30ª edição, realizada em 2012, a Bienal escolheu como curador um “vizinho” próximo, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, a próxima edição do evento, marcado para 2014, terá no comando um europeu que admite conhecer pouco de arte brasileira. O escocês Charles Esche, diretor do Museu Van Abbe (Eindhoven, Holanda), foi anunciado nesta quarta-feira, dia 17, curador da 31ª Bienal de São Paulo. Ele também trará em sua equipe o espanhol Pablo Lafuente e a israelense Galit Eilat.
“Sou um outsider, e posso trazer para cá muitas coisas que conheço de fora”, afirmou Esche durante coletiva de imprensa no Ibirapuera. “Mas por isso mesmo nossa pesquisa maior vai acontecer aqui no Brasil . Acredito que com os olhos de alguém de fora, é possível descobrir coisas que não são tão obvias e visíveis para quem está aqui. É uma oportunidade”, completou ele, que já foi curador das Bienais de Istambul (Turquia), Riwaq (Palestina) e Gwangju (Coreia do Sul), e da Trienal de Ljubljana (Eslovênia).
Em sua fala, o escocês ressaltou que ainda é cedo para dizer como será a Bienal, quantos artistas participarão ou quais brasileiros irão expor. Mas adiantou algumas das linhas gerais que guiarão a curadoria, dizendo em primeiro lugar que essa edição não terá um tema (ou temas), mas uma busca por estabelecer relações entre os trabalhos de arte.
“O mundo hoje carece de imaginação. E nesse momento em que falta imaginação nas sociedades, a arte tem a oportunidade de propor alternativas”, afirmou. “Somos dominados hoje por fatos, por números. Mas os números não podem descrever a condição humana. Já a arte trabalha com a imaginação, com a possibilidade de que algo pode existir mesmo que não exista”, completou, dizendo que a ideia de “coisas que não existem” será uma guia para a curadoria.
A Bienal e a cidade
A relação com a cidade, foco importante de Pérez-Orama na última edição, será também uma preocupação da nova curadoria. “Temos que começar a conhecer São Paulo, e a cena artística do país. E a cidade precisa ser também um tema da Bienal. Queremos, por exemplo, trazer os artistas de fora para vir trabalhar e criar aqui. Queremos desenvolver relações com as comunidades da cidade”, disse Escher. “Se construirmos boas relações aqui, haverá um entusiasmo natural com a Bienal”.
Escher ressaltou ainda que a abertura da Bienal será apenas um dos momentos de um processo de trabalho mais amplo. O curador pretende promover residências, trabalhos com as comunidades, seminários e outras exibições. Por fim, disse que sua missão é deixar um legado: “Acredito que podemos fazer algo bem especial em 2014”.
Inadimplência
Questionado na coletiva sobre a condição financeira da instituição, o presidente da Fundação Bienal, Luis Terepins, confirmou que a Bienal continua inadimplente, mas disse que as isso não durará muito e que negociações com o Ministério da Cultura para resolver os problemas estão em estágio avançado. “Estou super tranquilo em relação a isso. A ministra está tentando resolver junto”.
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