Quando, em 1973, a crítica e historiadora americana Linda Nochlin escreveu Why Have There Been no Greatest Women Artists?, comentando sobre a ausência de grandes artistas mulheres na história das artes, ela sacudiu o mundinho artístico ao provar que talento havia de sobra, mas as mulheres foram praticamente excluídas das academias de arte ao longo dos séculos XVIII e XIX. Depois da publicação e de debates acalorados, o MoMA de Nova York e o Centro Pompidou de Paris, não só organizaram exposição como intensificaram o estudo sobre obras das artistas de suas coleções.
Com 115 trabalhos de 60 artistas que contribuíram para revolucionar a arte moderna e contemporânea, a coletiva abarca a maior coleção europeia do gênero, a do Centro Pompidou, de Paris. Essas mulheres atuaram em um período em que nomes como Picasso, Matisse, Max Ernst, Miró e Dali dominavam o cenário e seus trabalhos, referência na arte mundial estarão no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-RJ), de 23 de maio a 14 de julho.
O conjunto denso e representativo permitirá que se tenha acesso a trabalhos de mulheres pioneiras que, entre 1909 e 2007, produziram pintura, escultura, desenho, fotografia, vídeo, instalação, e revolucionaram, cada uma a seu modo, os conceitos artísticos de seu tempo. O recorte adotado pela curadoria – a cargo de Emma Lavigne e Cécile Debray – dá uma visão abrangente do espaço ocupado pelas mulheres nas artes plásticas, literatura, dança, vídeo e cinema.
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Frida Kahlo e Louise Bourgeois (autora da famosa “aranha” exposta no MAM de São Paulo) são ponto alto do acervo ao lado de Sonia Delaunay, Valérie Belin, Pipilotti Rist, Maria Helena Vieira da Silva, além das brasileiras Letícia Parente, Sônia Andrade, Anna Maria Maiolino, Rosângela Rennó, Rivane Neuenschwander e Anna Bella Geiger. O conjunto representa os principais movimentos da arte moderna, desde a abstração às questões contemporâneas, rivalizando em inovação, revolução e qualidade com os consagrados artistas do sexo masculino.
O discurso curatorial dividiu Elles em cinco segmentos. O primeiro, Tornar-se uma Artista, homenageia a pioneira Sonia Delaunay e se subdivide em três seções: Pioneiras, com obras de Maria Helena Vieira da Silva, Marie Laurencin, Dorothea Tanning e Germaine Dulac, entre outras e Questionando o Gênero, com trabalhos de Valérie Belin, Suzanne Valadon e Pipilotti Rist.
O segundo segmento, Abstração Colorida/Abstração Excêntrica, engloba três partes – Excêntrica, Colorida e Espaços Infinitos, com trabalhos de Joan Mitchell e novamente de Maria Helena Vieira da Silva, além de Marthe Wéry, Aurélie Nemours, Geneviève Asse e Vera Molnar. O terceiro, Feminismo e a Crítica do Poder abrange as peças mais polêmicas, como as de Frida Kahlo, Niki de Saint Phalle, Sônia Andrade e Hannah Wilke. Na subseção Enfrentando a História, as brasileiras Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino e Letícia Parente se juntam à argentina Marta Minujin. No quarto segmento, denominado O Corpo, estão Louise Bourgeois, Nan Goldin, Eleanor Antin e Carolee Schneemann. E, no quinto e último, expõem lado a lado, Sophie Calle, Annette Messager, Rosângela Rennó e Rivane Neuenschwander, além de outras artistas.
Intensa e abrangente Elles é uma rara oportunidade para se confrontar as inquietações dessas mulheres e artistas geniais, que contribuíram para enriquecer a cena artística parisiense.
Elles estreou em 2009 no Pompidou e, depois, percorreu alguns países. Agora, depois de São Paulo, em 19 agosto, inaugura o CCBB de Belo Horizonte, onde ficará até 23 de outubro.
Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro
Elles – Mulheres Artistas na Coleçãodo Centro Georges Pompidou
Av. Primeiro de Março, 66, Centro – RJ
Aberta ao público de 24 de maio a 14 de julho
De terça-feira a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca.(021) 3808-2020
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