Desde 2008 instalada em um edifício arrojadíssimo, da lavra do arquiteto português Álvaro Siza, a Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, mantém-se fiel a duas frentes: organizar exposições de importância inconteste e trabalhar, no dia-a-dia, para ampliar o acesso das novas gerações à arte.
Essa disposição pode ser constatada na prática. Até o dia 11 de julho, a instituição promove uma ampla exposição da obra de dois artistas plásticos de peso. A suíça, radicada no Brasil, Mira Schendel (1919-1988) e o argentino León Ferrari (que completa 90 anos, neste ano) têm muito em comum. Ambos trataram a linguagem com uma postura e um olhar absolutamente novos.
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A exposição vem sendo visitada não apenas por quem se interessa por artistas ousados e inovadores. Centenas de crianças também estão admirando a mostra, assim como a coleção permanente da Fundação Iberê Camargo. O eficiente programa educativo da instituição tem curadoria pedagógica de Luis Camnitzer – um dos mais importantes artistas contemporâneos, historiador e professor emérito da Universidade do Estado de Nova York – e visa a transformar professores de colégios de nível fundamental e médio em agentes propagadores da arte.
As visitas escolares têm o apoio de uma assistência eficiente, talhada para inspirar visão crítica. As visitas especiais ao prédio da Fundação contemplam a capacitação para os professores, que acompanham os alunos às palestras e às visitas mediadas com exercícios práticos e de ateliê. Cada educador recebe um portfólio com informações sobre as mostras e reproduções das obras expostas. Tudo para estimular o interesse dos alunos.
As crianças e os adolescentes têm acesso ao chamado “diário de bordo”, criado para atender as diversas faixas etárias, com bloco de anotações que inclui não apenas informações sobre vida e obra de artistas, mas também páginas em branco. Assim, cada visitante pode desenhar a partir do que vê nas exposições. A expectativa é a de que o material, mais tarde, seja debatido nas salas de aula.
Projeto educativo, eficiente suporte para a compreensão da mostra
Pontualmente às 10h da manhã, dezenas de crianças em fila aguardam a abertura das portas da Fundação Iberê Camargo em grande euforia. É a primeira vez que muitos deles têm contato com uma exposição de arte e a oportunidade de aprender sobre as histórias por trás de cada tela. Recepcionados por mediadores, os estudantes recebem material pedagógico especialmente desenvolvido pelo Programa, e seguem por entre as rampas brancas do prédio desenhado pelo português Álvaro Siza. A cena se repete diversas vezes ao longo de todos os dias da semana graças ao do Programa Educativo da Fundação Iberê Camargo, iniciativa gratuita que desde 1999 busca sensibilizar o olhar de alunos, educadores e público em geral para a arte moderna e contemporânea, através da obra de Iberê Camargo e de outros artistas que integram a programação da Fundação.
O projeto ganhou força com a inauguração da nova sede da Fundação Iberê Camargo, em um celebrado projeto que tem atraído olhares internacionais para Porto Alegre. A programação especial dedicada a professores e estudantes conta com capacitação para educadores, que inclui expedições ao prédio da Fundação, palestras e visitas mediadas com exercícios práticos e de ateliê. A ideia é que cada professor se transforme em um agente propagador da arte, levando o conhecimento adquirido para atividades em salas de aula. Junto com a capacitação, é distribuído o Material do Professor, kit com informações sobre as exposições a serem visitadas e dezenas de reproduções de diferentes tamanhos das obras expostas, que trazem dados fundamentais sobre a produção do artista e servem para que o professor trabalhe com os seus alunos. A partir delas, os educadores podem estimular os alunos a lançarem um olhar crítico sobre as obras, desenvolvendo inclusive a sua própria curadoria para uma exposição.
Já os estudantes são recebidos com o Diário de Bordo, bloco de anotações especialmente criado para ser utilizado por alunos de diversas faixas etárias. Além de informações preciosas sobre o prédio da Fundação e sobre vida e obra dos artistas, o caderno traz folhas em branco, que durante as visitas mediadas são usadas por crianças e jovens para desenhar a partir da visualização da arte exposta.
O Programa Educativo
Com o seu foco na obra de Iberê Camargo e na arte moderna e contemporânea, o Programa Educativo tem curadoria pedagógica desenvolvida por Luis Camnitzer, professor emérito da Universidade do Estado de Nova Iorque. O projeto pretende que o público se aproprie da arte e das suas concepções, favorecendo a interação e a recepção da arte pelo público, na busca por instigar a curiosidade e a investigação.
Mais do que promover a obra de Iberê Camargo, o programa promove o pensamento artístico contemporâneo e potencializa o papel dos visitantes como um proponente e um agente do projeto, construindo seus programas e atividades de forma coordenada com educadores, estudantes e visitantes em geral. Parte das atividades promovidas são também oferecidas ao público em geral nos fins de semana e feriados, voltados para famílias, crianças, adolescentes e outros grupos. A Fundação Iberê Camargo conta com a colaboração das empresas Gerdau, Petrobras, Itaú, Vonpar e De Lage Landen para o desenvolvimento das atividades.
PARCERIA EDITORIAL INÉDITA
A Cosac Naify assinou em 2009 a primeira parceria de uma editora brasileira com o MoMA – Museum of Modern Art de Nova York com o objetivo de publicar o catálogo bilingue português – inglês da mostra León Ferrari – Mira Schendel: Tangled Alphabets, organizada pelo curador de arte latino-americana do MoMA, Luis Pérez-Oramas.
Somou-se a esta parceria a Fundação Iberê Camargo, de Porto alegre, onde atualmente está montada a exposição e que permanecerá em cartaz até o dia 11 de julho de 2010.
O catálogo foi lançado no dia 9 de abril na Fundação Iberê Camargo e está disponível nas livrarias.
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