Tentando encontrar algo que eu podia ver cobrindo todas as coisas, eu passei anos vagando em torno desse pântano. O pântano da compreensão, da representação, da abstração.
Estava olhando para as coisas, buscava suas evidências, tentava entendê-las, fisicamente, existindo, mas estavam todas cobertas com essa mesma escura substância, essa espécie de forma insolucionável: as imagens apresentando nada além delas mesmas.
Eu passei os últimos sete anos intuitivamente vagando dentro de museus, centros de pesquisa, zoológicos. Tentava entender semelhança, mimesis, símbolo, representação. Eu sabia que isso tudo estava cobrindo todos os objetos que eu via e eu intencionalmente queria aprender a distingui-las. Como diferentes camadas cobrindo uma mesma infinita coisa, eu queria aprender a separar mimesis, significado, imagem e matéria. Paradoxalmente, eu tentava fazer isso através da fotografia.
Depois de muito olhar para as coisas e tentar entender as imagens das coisas, um dia eu finalmente entendi que o problema da imagem na verdade recai sobre o problema da realidade. A compreensão final disso aconteceu não dentro dos museus, mas através da estranha experiência de entrar e fotografar as paredes de antigas cavernas pré-históricas.
Olhando para a complexa compilação de tempo e de significado sobre os desenhos e sobre as próprias formas daquelas cavernas, consegui entender melhor algo relacionado à visão, que é: nós não podemos significar a realidade, e estamos tentando desde sempre.
Esculturas, desenhos, mapas, fotografias, esquemas, objetos, escritas, traços, fósseis, animais representando animais, pedras, pedras falsas, retratos de pessoas, pessoas posando para os retratos: incontáveis coisas explicando, descrevendo, traduzindo, assemelhando: outras coisas.
Tantos objetos e todas as suas superfícies igualmente espessas. Tudo igualmente vazio. Tudo embebido com a mesma miríade de significados: eu estou falando de imagens.
Deixe um comentário