Keith Haring é um filho bastardo da modernidade. Ele recuperou o ímpeto criativo, o fazer intuitivo e espontâneo. Reconquistou o espaço da expressão artística direta, sem os freios acadêmicos.
Esse guerreiro libertou novamente o talento do fazer artístico. Desenhava com todo o seu ser, como se ele por inteiro fosse um instrumento e a tinta brotasse pelos seus dedos.
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Teve uma obra meteórica, pintava sobre qualquer coisa e sem parar, como se soubesse o pouco tempo que teria de vida. Faleceu em 1990, aos 31 anos, deixando uma obra contundente.
Pioneiro do grafite, com a sua força vital e sua generosidade, ampliou as fronteiras do universo das artes tomando as ruas com a sua arte limpa e precisa.
Na paternidade do grafite há duas genéticas quase concomitantes: uma é a do grafite que nasce como consequência da tradição iniciada pela aventura modernista. A outra, periférica e militante, manifesta e traz para o mundo a cultura e identidade do movimento Hip Hop. Hoje, no Brasil, assistimos à evolução e mescla das duas.
Vale a pena destacar rapidamente a ressonância das obras de Fernand Léger e Jean Dubuffet no universo de Haring.
Dois elementos são fundamentais para entender as conexões entre Haring e Léger: a força gráfica com predominância do desenho, e uma atitude artística com uma clara motivação de incluir e abraçar o outro.
Em 1972, Dubuffet realiza a escultura Groupe de quatre arbres para o Chase Manhattan Bank de Nova York. Imagino o impacto dessa obra na alma do jovem Haring, na época com 14 anos.
Dubuffet, com seus desenhos infinitos, cria obras públicas monumentais, totalmente esculpidas e cobertas com as suas tramas gráficas.
Haring surfou nas ondas do seu fluxo de consciência, preenchendo harmonicamente todos os espaços. Dessa forma, ele atravessa a ponte erguida por Dubuffet por onde transitam o erudito e o popular, o público e o privado desbravando e consolidando o novo território da arte urbana.
Vinte anos após a sua morte, seus tags mais conhecidos continuam sendo estampados sobre os mais variados produtos, atualizando a sua obra sempre viva e jovem.
Porém, um olhar mais atento é necessário para conhecer a densidade da sua obra mais madura e visceral. Michael Stewart – USA for Africa de 1985, Safe Sex de 88 e The Last Rainforest de 1989 são alguns exemplos que nos revelam um artista a procura do entendimento das forças da existência e seu engajamento contra os preconceitos raciais e sexuais. Viva Keith Haring!
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Domingos e feriados, das 10 às 21 horas
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