“Os Picassos de Picasso” no Instituto Tomie Ohtake

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“Deux femmes courant sur la plage (La course)”, de 1922. Foto: Divulgação/Musée national Picasso-Paris

“Os Picassos de Picasso”. Assim a curadora francesa Emilia Philippot se refere às obras do acervo do Musée national Picasso de Paris, na França. Isso porque lá estão os trabalhos que o artista espanhol guardou durante toda a vida em seus ateliês e que, após sua morte, foram doados pela família para a criação da instituição parisiense. Cerca de 150 obras desta coleção podem ser vistas, a partir deste domingo, dia 22, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, na exposição Mão Erudita, Olho Selvagem – a maior retrospectiva do artista no Brasil desde Picasso na Oca, em 2004.

Segundo Philipot, curadora da mostra, o fato de Pablo Picasso (1881-1973) ter conservado essas obras ao seu lado revela o quão representativas são de sua visão artística e da evolução do seu pensamento estético. Os trabalhos mostram também um tanto da intimidade do espanhol – está na exposição, por exemplo, o quadro Paul como Arlequim (1924), em que Picasso retrata seu filho – e do “homem por trás do mito” – uma série de fotos do artista trabalhando, tiradas por Dora Maar, revela um raro momento em que ele se deixou registrar produzindo. 

Paul en Arlequin
“Paul en Arlequin” (Paul como Arlequim), de 1924, no Instituto Tomie Ohtake

Através de pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e até fotogramas (estes últimos feitos em parceria com André Villers nos anos 1950), a mostra – que segue ainda para o Rio e para o Chile – se propõe a apresentar um panorama da trajetória do artista que, como poucos, transitou por diferentes estilos, linguagens, paletas de cores e suportes. “Pesquisei o que havia de Picasso exposto nas coleções do Brasil e vi que não era tanta coisa, por isso escolhi traçar um panorama, mostrar muitos aspectos e a evolução de seu trabalho”, explica Philippot à ARTE!Brasileiros. A curadora se preocupou, também, em selecionar trabalhos que nunca foram expostos no País.

Logo na entrada de uma das salas – a mostra ocupa três grandes espaços expositivos do instituto paulistano –, o quadro Homem de Boné, de 1895, impressiona pelo extremo domínio técnico de um garoto de apenas 14 anos. A partir daí, um caminho de incessantes transformações é traçado, passando pelas fases surrealista, cubista, por momentos de maior engajamento político, de interesse pela gravura ou pela escultura e assim por diante. O Beijo, de 1969, pintado quando Picasso se aproximava dos 90 anos, apresenta outro extremo cronológico de sua vida, não menos instigante que o inicial.

"O Homem de Boné", de 1985
“L’Homme à la Casquette” (homem de boné), de 1985, no Instituto Tomie Ohtake

Destacam-se na exposição, ainda, um autorretrato da fase rosa, de 1906; os estudos para figurinos do balé Pulcinella (1920), pequenos desenhos com cores fortes em aquarela; a escultura cubista Violão (1924), de mais de um metro; a litogravura A Grande Coruja (1948); entre muitos outros. Dois filmes complementam a experiência do visitante: Guernica, de Alain Resnais e Robert Hessens, e Le Mystère Picasso, de Henri-Georges Clouzot.

“Picasso era um gênio, e isso tinha a ver com ele ter um extremo domínio técnico e um conhecimento enorme sobre a história da arte, mas também com o fato de ele nunca ter parado de criar novas formas, de se reinventar”, afirma Philippot. Decorre desta constatação, segundo ela, o título Mão Erudita, Olho Selvagem: “Ele sempre foi muito cabeça aberta para tudo que pudesse encontrar, e assim estava constantemente transformando sua própria arte”.

Esculturas expostas na mostra
Esculturas expostas na mostra. Foto: Marcos Grinspum Ferraz

Serviço – Mão Erudita, Olho Selvagem
Instituto Tomie Ohtake – Rua Coropés, 88 – Pinheiros
De 22 de maio a 14 de agosto
Terça a domigo, das 11h às 20h
De R$ 6 a R$ 12
institutotomieohtake.org.br


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