A arte é antropofágica. Alguns artistas materializam uma ideia, apropriando-se da palavra por meio de símbolos gráficos que gravam em um suporte físico qualquer. A maioria deles se insere no movimento conceitual, mas, correndo por fora, Arnaldo Antunes embora tenha uma poética internacional opta por um percurso mais pessoal, cheio de trilhas inesperadas, em que o acústico-oral convive com o gráfico-literário e o performático-visual. Ele é o convidado da terceira edição da ARTE!Brasileiros, sua obra VÍRGULA fotografada por Fernando Laszlo é a nossa capa. Fomos à Vila Madalena e invadimos sua casa repleta de livros, CDs, algumas obras de arte dele e de amigos, tudo harmoniosamente traduzido numa decoração que é a cara dele.
Bem distante da terra firme, o canadense Jean-Yves Vigneau, criado no arquipélago de Madeleine, em uma ilha de apenas dois mil habitamtes, faz da superfície dos mares seu suporte preferido, sobre a qual escreve poemas, como na instalação Île, ou gritos de alerta, como em Equação, uma denuncia sobre o desaparecimento sistemático da água no planeta. Sem atravessar oceanos, as paulistanas Cristiane Mesquita e Thais Graciotti criam palavras para o público carregar junto ao corpo.
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Os discursos dos sucessivos presidentes da Fundação Bienal de São Paulo não constituem obras de arte, mas estão gravados na cabeça dos apreciadores da produção artística internacional que acompanham criticamente as edições da Bienal. Por isso, o empresário Heitor Martins, atual dirigente da Fundação, ao abrir as portas da 29ª edição em 18 de setembro deste ano, tem a desafiadora tarefa de resgatar não só o brilho da Bienal paulistana, como devolver o respeito e a credibilidade que a instituição conquistou ao longo de sua história. Uma história que mereceu a vinda de Guernica, de Picasso, na II Bienal de 1953, façanha que até hoje deixa qualquer integrante do circuito internacional de arte de queixo caído.
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