Para todas as idades

Na literatura, no cinema, no teatro ou na música, é corriqueira a distinção entre obras voltadas para crianças ou para adultos. Nas artes plásticas essa distinção é praticamente inexistente. Poderia ser bom sinal, se o pressuposto fosse que as obras são voltadas para públicos de todas as idades, mas não é exatamente isso o que acontece: arte contemporânea é coisa para adulto. “Há um mito de que é uma coisa difícil de entender. E, principalmente, de que as crianças são incapazes ou precisam ter uma ajuda, uma mediação, para que possam mergulhar nesse universo”, afirma Evandro Salles, curador da exposição Experiência da Arte – Série Arte para Crianças, em cartaz no CCBB – Brasília a partir do dia 24 de maio.

A proposta do curador, que reuniu um time de importantes artistas contemporâneos brasileiros para a mostra, vem justamente na direção contrária a essa concepção. Com obras de Vik Muniz, Cildo Meireles, Ernesto Neto, Waltercio Caldas, Paula Trope, Eduardo Coimbra e Wladimir Dias-Pino, a exposição parte da ideia de que a arte não deve ser “entendida”, mas vivida e sentida, “em uma experiência absolutamente pessoal e intransferível”. Além disso, Salles considera que a criança está, mais do que o adulto, com a mente aberta e flexível “para uma apropriação muita rápida e intensa dos sistemas de linguagem que constituem a arte”.

Direcionar a mostra para crianças, portanto, não significa realizar um projeto menos sofisticado, nem mesmo excluir os adultos do público-alvo. Na verdade, Salles afirma que dificilmente um visitante perceberá Experiência da Arte como uma exposição para crianças, no sentido de ser didática, explicativa ou educativa. “São obras completamente sofisticadas, só muda um pouco a forma da apresentação, já que você tem de respeitar, por exemplo, a altura de um quadro”, diz ele. “Também não colocamos ao lado da obra aquela plaquinha com um monte de informações técnicas, desnecessárias, que na verdade são inibidoras. A ideia é deixar o objeto de arte atuar diretamente na relação com as pessoas.”

A mostra, que ocupa todos os espaços expositivos do CCBB, incluindo as áreas externas, também não tem um recorte temático específico, nem foco em um único tipo de linguagem. Com trabalhos sonoros, instalações, esculturas, um “ateliê-estúdio-fotográfico”, entre outras obras – todas inéditas ou adaptadas de trabalhos recentes –, a exposição se propõe a apresentar uma “pluralidade de possibilidades”. “Essa é a questão, a experiência da arte. Ou seja, é viver aquilo, independentemente de idade ou se a pessoa tem conhecimento da história da arte ou não”, conclui Salles.

Experiência da Arte – Série Arte para Crianças
De 24 de maio a 11 de agosto. Grátis
CCBB- Brasília – SCES Trecho 2 – (61) 3108-7600


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