De boas intenções o inferno está cheio, já diz o popular ditado. A bem-intencionada senhora espanhola Cecilia Giménez, de 81 anos, que não suportou ver a deterioração da obra Ecce Homo do artista Elías García Martínez em uma das paredes do santuário espanhol de Nossa Senhora da Misericórdia de Borja, em Zaragoza, e resolveu restaurá-la quer agora colher os louros do seu famoso trabalho.
O desastroso conserto ficou mundialmente conhecido como a “pior restauração do mundo”, ganhou uma página no Facebook com o título “La señora que pintó el Troll de Borja”, a hashtag #EcceMono (EcceMacaco, em tradução livre) no Twitter, além de milhares de versões – como a que põe a pintura como o rosto do personagem Chewbacca, do filme “Guerras nas Estrelas” – e um abaixo assinado pedindo que o santuário mantenha o Ecce Homo de Cecilia.
Com tanta notoriedade, o santuário tem recebido um número recorde de visitantes que se mobilizam só para ver o trabalho da idosa e até resolveu cobrar um Euro dos turistas. Ao saber disso, os advogados de Cecilia estudam abrir uma ação para cobrar os “direitos autorais” a que ela teria direito. Segundo dizem, o afresco datado do século XIX era pouco conhecido do grande público antes da “restauração”.
Gimenez, que sofre de ataques de ansiedade desde que ganhou notoriedade, havia afirmado à imprensa espanhola que gostaria de terminar o trabalho, mas que a confusão que foi gerada a impede de continuar. “Eu tinha deixado tudo preparado para continuar o meu trabalho depois. Mas agora não posso continuar por causa de toda essa confusão. Não quero deixar como está, porque quando vejo eu sofro”, disse.
Cecilia sofre, a arte sofre e o povo se diverte.
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