Não há protagonista único que brilhe hoje no mundo das artes. O palco está pequeno para a multiplicidade de atores, entre colecionadores, galeristas, curadores, artistas, feiras e bienais. Se em décadas passadas o conceito e a alta qualidade determinavam o sucesso de um evento, hoje a arte contemporânea está cada dia mais apaixonada pelo mercado.
O valor alcançado por uma obra é tão importante que pode ser o referencial de qualidade de uma feira, ao mesmo tempo em que desnuda o desnível do mercado. Em todas as feiras, uma mistura criativa dos intercâmbios globais nos dá um panorama amplo, mas heterogêneo. As galerias brasileiras, especialmente (uma dúzia de paulistanas), que participam de grande parte das feiras internacionais, garantem que vendem praticamente tudo o que expõem.
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Mas, com o sucesso financeiro, onde escoa a produção brasileira de arte? Qual sua grande vitrina? Caso um estrangeiro chegue ao País e queira saber mais sobre as obras de grandes dimensões que o encantaram em feiras ou bienais, onde ele deve ir? O Instituto Inhotim, na cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, é a única instituição brasileira que exibe, de forma permanente, um panorama amplo e significativo da arte brasileira. O acervo, formado a partir da coleção do industrial Bernardo Paz, conta com os artistas de qualidade e de preços top do Brasil. Caso o comprador queira garimpar, o jeito mesmo é se preparar para a maratona de galerias espalhadas especialmente por São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, ou esperar pela SP-Arte.
Na esteira dessa movimentação, a revista ARTE!Brasileiros caiu na estrada junto com a produção nacional e foi lançada em algumas feiras, como a Art Basel, de Miami, arteBA, de Buenos Aires, e Art Basel, da Suíça. Afinal, esses eventos são instrumentos que podem familiarizar o público com a atual diversidade de culturas, formas de criação artística e com as revistas de arte.
O lado negativo do escoamento via internacional é que muitas vezes obras fundamentais – como o Abaporu, de Tarsila do Amaral, que está no Museo de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (Malba) – passam para as mãos de estrangeiros. Ou ainda, quando perdemos coleções completas, como a do concretismo brasileiro, de Adolpho Leirner, arrematada pelo The Museum of Fine Arts, de Houston.
Impulsionada pelo bom momento econômico, a produção brasileira está por toda a parte. A Art Basel da Suíça – criada em 1970, três anos depois do mais antigo evento do gênero, a Feira de Arte de Colônia, de 1967 – destacou em sua edição deste ano a obra de Mira Schendel, a suíça (radicada) brasileira cujo trabalho está presente em exposições internacionais. A gaúcha Anna Maria Maiolino, convidada para a documenta de Kassel de 2012, na Alemanha, foi festejada e seu trabalho, arrematado.
Do outro lado do Atlântico, a feira The Armory Show pulsa em Manhattan e acelera o coração dos galeristas, especialmente o dos brasileiros, que contam com compradores certos. Mesmo ameaçada pela Art Basel de Miami, que mostra mais poder de fogo, a Armory ainda é uma boa estratégia de se expor em Nova York. Como dizia o galerista americano Leo Castelli, o todo poderoso dos anos 1960, “é em Nova York que as vendas ocorrem o ano todo”. Ambas as feiras contam com a forte presença da comunidade hispânica da Flórida, onde surgem os novos colecionadores de arte contemporânea, a maioria jovem, interessados em artistas, igualmente jovens, como o brasileiro Henrique Oliveira.
Aqui no Cone Sul, as galerias brasileiras têm participado da arteBA, de Buenos Aires. Neste ano, mesmo com a crise econômica da Argentina, alguns brasileiros não tiveram do que reclamar. Com o brilho um pouco esmaecido, a arteBA ainda consegue deslocar colecionadores poderosos da América Latina, como Patricia Cisneros, da Venezuela, e Carlos Slim, do México, entre outros endinheirados que sempre garantem boas vendas. Aqui em São Paulo, inserida no melhor mercado do Brasil, a SP-Arte é uma opção de escoamento da produção brasileira, uma arte conhecida, respeitada e desejada onde quer que chegue.
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