A 56ª edição da Bienal de Arte de Veneza abre ao público no sábado (9), 120 anos depois da primeira exposição na cidade italiana. Foram selecionados 136 artistas, dos quais 89 participam pela primeira vez. Ao todo, 53 países estão representados, e entre eles também há estreantes, como Granada, Ilhas Maurício, Mongólia, Moçambique e República de Seicheles. Outros retornam a Veneza após longa ausência, entre eles Equador, Guatemala e Filipinas.
A mostra se concentra quase totalmente nos tradicionais espaços do Arsenale, a poucos minutos da praça San Marco, e dos Giardini, mas é abrigada também em 44 espaços espalhados pela cidade toda.
Em sua apresentação para jornalistas de todo o mundo, Paolo Baratta, presidente da Bienal, ressaltou como é possível construir uma história para a partir de tão diversos pontos de vista, por meio do fenômeno da criação artística contemporânea.
De fato, Veneza apresenta muitas perspectivas da arte contemporânea. Além dos pavilhões nacionais, curados por representantes de cada país e com seus respectivos artistas selecionados, existem os espaços comuns da Bienal, ocupados por artistas de todo o mundo, selecionados pelo curador de cada edição, que propõe a todos um mesmo tema. A diversidade de expressões, tratando idéias comuns, é chamativa. Neste ano o curador da mostra é o nigeriano Okwui Enwezor, que em 2002 foi diretor artístico da 11ª Documenta de Kassel, na Alemanha, e batizou esta edição da Biennale, que acontece até 22 de novembro, com o nome de All the World’s Futures.
Ao ser perguntado o que sente por ser o primeiro curador africano da Biennale, Enwezor disse que o importante é sua trajetória marcada por um profundo interesse nas artes africana, europeia, asiática, sul e norte-americana, dos séculos XX e XXI, e, fundamentalmente, sua visão de um mundo sem fronteiras.
Na sua apresentação, o curador mencionou um texto do filósofo Walter Benjamin, chamado Tesi di Filosofia Della Storia, em que há uma referência a um quadro do pintor Paul Klee, Angelus Novus. Enwezor fez uma analogia da obra com o momento que vivenciamos. Uma era em que, ao mesmo tempo que alcançamos incríveis possibilidades de conhecimento, passamos por profundas e crescentes incertezas no panorama mundial, com grandes tumultos. Estamos cercados de ignorância, catástrofes ambientais, fome etc. Este é um período agudizado por crises econômicas, ressalta o curador. Então, cComo fazer para abraçar plenamente a inquietude de nosso tempo, torná-la compreensível, examiná-la, articulá-la”, questionou.
Uma alusão concreta a esta questão foi criada na montagem de L’Arena, no Pavilhão Central dos Giardini, onde foi erguido um espaço de atividades interdisciplinares, para relembrar a Biennale de 1974, quando o estatuto da instituição passou por uma ampla reforma que permitiu que uma parte do programa fosse dedicada ao Chile. O país acabava de passar pelo sangrento golpe de estado do General Augusto Pinochet, que culminou com a morte de Salvador Allende.
Para construir o que Enwezor chama de Parlamento da Forma, o curador usou filtros que, supostamente, aparecem nas diversas práticas artísticas e refletem sobre “o estado das coisas” e a “aparência das coisas”.
Leia mais:
Na Bienal de Veneza, pavilhão brasileiro faz crítica à falsa liberdade do indivíduo
“O importante é fazer diferente”
Pavilhão do Brasil em Veneza abriu ao público nesta sexta (8)
Pavilhão do Brasil em Veneza abriu ao público nesta sexta (8)
Veja abaixo algumas das obras expostas em Veneza:
Deixe um comentário