Projetos de ponta desenham o novo Rio

Ao longo do século passado, o Rio de Janeiro – terra do samba, do carnaval, e berço da Bossa Nova – alternou com São Paulo e Salvador o nobre título de capital cultural do Brasil. Disputas à parte, a “Cidade Maravilhosa” continua a concentrar uma pujante produção artística e reúne alguns dos mais importantes museus do País, como o Museu Imperial, em Petrópolis, o Museu Nacional de Belas Artes (Mnba), o Museu Histórico Nacional (MHN), o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Museu de Arte Contemporânea (MAC), em Niterói. Para os cariocas interessados em artes visuais, 2011 é um ano de grandes celebrações. Reflexo do bom momento experimentado por artistas, galeristas e colecionadores, a cidade ganhou uma feira de arte, a ArtRio, que reuniu 80 galerias nacionais e internacionais no Píer Mauá. Outros três grandes motivos de orgulho foram anunciados recentemente: a construção de dois novos museus – o Museu de Arte do Rio (MAR) e o Museu do Amanhã, dedicado à ciência e à tecnologia – além do Novo MIS, projeto que prevê a mudança e a construção de uma nova sede para o Museu da Imagem e do Som.

Dos três novos projetos, somente o MAR tem inauguração prevista para 2012, ainda no primeiro semestre. O novo museu promoverá um passeio pela história da cidade através de sua arte e investirá na formação de um público que queira buscar novas direções para o futuro artístico da capital fluminense. O museu de 15 mil m2 será sediado em dois prédios interligados, o Palacete Dom João VI – edificação de arquitetura eclética, construída em 1916, abandonada há décadas – e o edifício vizinho, de influência modernista, que sediou o Hospital da Polícia Civil e o terminal rodoviário Mariano Procópio. A obra é um dos pilares culturais do plano de revitalização da região portuária da cidade e terá curadoria do jornalista e professor de cultura brasileira Leonel Kaz, que prevê grandes exposições por períodos extensos, reunindo obras significativas para a história da cidade e outras temporárias, dedicadas à acervos públicos e privados. O projeto do MAR ainda prevê a criação da Escola do Olhar, núcleo pedagógico que investirá na formação e produção de projetos coletivos e individuais.
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Sediado hoje na Praça XV de Novembro, no centro do Rio, o MIS nasceu em setembro de 1965 e foi pioneiro em lançar um novo modelo de museu no País, exclusivamente dedicado às artes audiovisuais. Abriga fotografias, cartazes, discos, filmes, vídeos, recortes de jornais e documentos egressos de 22 coleções particulares. Além deste rico acervo, o MIS também produz seus próprios registros, desde 1966, a partir do projeto Depoimentos para a posteridade – série de registros audiovisuais, hoje com quase mil personagens centrais de nossa cultura. A nova sede terá quase 10 mil m2 e também acolherá o Museu Carmen Miranda, hoje sediado no Flamengo. O projeto arquitetônico de sete pavimentos, assinado pelo escritório americano Diller Scofidio + Renfro, tem tudo para se tornar um novo ícone da cidade. Terá ainda um auditório que alternará funções de teatro e cinema, com capacidade para 300 lugares, restaurante panorâmico, bar e boate no terraço e até um mirante no topo. O novo MIS terá curadoria do jornalista Hugo Sukman e tem inauguração prevista para o segundo semestre de 2013.

Outro projeto que promete trazer novos ares para a região portuária, e um dos mais instigantes, é o Museu do Amanhã, futuro vizinho do MAR no Píer Mauá, que ocupará uma área de quase 15 mil m2. Dedicado às ciências, à história natural, e à tecnologia, o Museu do Amanhã difere de outros museus dessa natureza – que geralmente se baseiam em descobertas científicas do passado e do presente – e pretende ser um polo de conscientização da influência do homem sobre seu próprio futuro. O museu terá curadoria do físico e doutor em cosmologia Luiz Alberto Oliveira e de Leonel Kaz. Ambos pretendem aproximar o visitante de questões centrais para a construção de um futuro melhor, pautados por decisões éticas como a necessidade de maior equilíbrio climático, integração entre povos, aumento de longevidade e a manutenção da diversidade de recursos naturais. Os três projetos envolvem parcerias público-privadas – reúnem Governo Estadual, Prefeitura Municipal, Fundação Roberto Marinho e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) – e contribuirão para que o Rio, sendo capital cultural do País ou não, seja cada vez mais digna do título de Cidade Maravilhosa.


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