No início dos anos 1980, Berlim Ocidental ainda estava dividida pelo Muro e era o local preferido de quem acreditava que “a vida é uma festa”. Era uma cidade única no planeta, uma espécie de Paris dos anos 1950, Califórnia dos anos 1960 e Nova York dos 1970. Tudo isso misturado com o agito permanente de alemães e estrangeiros que foram para lá com a fantasia de concretizar toda loucura que lhes passasse pela cabeça. Hoje a realidade é outra. A cidade ainda mantém um certo charme do passado, mas com a Queda do Muro, em 4 de novembro de 1989, seu lado alternativo, louco, radical está restrito a alguns bairros, como o Mitte e Kreuzberg. No entanto, Berlim se agigantou e tornou-se a melhor vitrine das ousadias arquitetônicas dos últimos dez anos.
Alex Flemming, brasileiro de descendência alemã de quinta geração, é um dos exemplos bem acabados de artistas que chegaram lá pelo “canto da sereia”. Mesmo antes de existir um circuito de arte pulsante e profissional como o atual, ele já apostara suas fichas, construindo uma trajetória singular. Assim como ele, a brasileira Tereza de Arruda se fixou em Berlim há mais de 20 anos. Apaixonada pela cidade, ela nos leva a caminhar pelo circuito das artes hoje superefervescente que, além de manter dezenas de galerias, ainda possui uma bienal que a cada ano se firma mais e mais e uma feira de arte que já é referência internacional.
Nas artes plásticas, o Brasil e a Alemanha mantêm diálogo constante praticamente desde a criação da Bienal de São Paulo, em 1951. Sonia Guarita do Amaral comenta a coleção de obras alemãs que enriquecem o acervo de alguns museus brasileiros.
Dividindo as atenções com os 20 anos da Queda do Muro de Berlim, o incêndio (ainda não bem explicado) que destruiu trabalhos de Hélio Oiticica também ocupa nossas páginas. Calorosos debates de Norte a Sul do Brasil discutem como o País deveria cuidar das obras de arte de artistas já mortos e fundamentais para sua história. Ainda em choque, o circuito de arte internacional comenta o assunto e espera um final respeitoso, convincente e digno de um dos brilhantes artistas que este país já teve.
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