SP-Arte supera suas edições anteriores, em público e venda

Já no primeiro dia a sexta edição da SP-Arte, no Pavilhão da Bienal, mostrou aos quatro ventos a que veio, confirmando o superaquecimento do mercado e correspondendo às melhores expectativas de galeristas, colecionadores e artistas. A participação de galerias estrangeiras aumentou em relação às edições anteriores, com a expressiva presença da França, Espanha, Inglaterra, México, Argentina, Uruguai, Colômbia, que disputavam palmo a palmo com grandes artistas brasileiros a atenção dos compradores. Rapidamente os acervos dos estandes foram vendidos, a maioria esgotando 80% das peças disponíveis, obrigando-as a reposições de emergência.

Para o galerista mexicano Enrique Guerrero, “um evento como a SP-Arte representa a melhor forma de entrada no mercado brasileiro, que é o maior da América Latina”. Opinião que parece ecoar o entusiasmo do crítico e curador de arte Teixeira Coelho, ao se dizer “surpreso com a receptividade por parte de colecionadores, público, imprensa e artistas, o que demonstra ser fundamental para o circuito das artes plásticas uma iniciativa com esta qualidade e variedade”.
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O clima de euforia também contagiou os artistas presentes à abertura da feira, como Regina Silveira, que destacou a “interação entre artistas, público e colecionadores, num ambiente elegante e minimalista”. Para Leda Catunda, a SP-Arte “reflete o movimento intenso das artes plásticas contemporâneas e consolida um circuito que vem se desenvolvendo há 25 anos”. Ainda segundo a artista, “outro fator importante é que a feira tem maior regularidade que a Bienal”. Essa comparação também serviu para um dos argumentos polêmicos da produtora cultural Lulu Librandi, ao afirmar bem-humorada que “a SP-Arte superou a Bienal”; e completou: “é um evento mais democrático, que reúne todos os artistas e escapa dos curadores”.

Intelectuais também foram conferir a feira, o escritor e tradutor Jorge Schwartz comenta a comparação recorrente nos corredores da feira. “A Bienal de São Paulo ainda mantém a aura e sua importância, e a SP-Arte é outra coisa. Esta feira provoca a proliferação e a valorização da obra de arte, assim como o aumento do colecionismo. Para Mariana Martins, dona da Choque Cultural, houve um empenho da feira, mas os galeristas colaboraram muito”. Cecília Ribeiro, produtora cultural e coordenadora de exposições, frequentadora de todas as feiras internacionais há vários anos, garante que a SP-Arte tem qualidade e fôlego para tornar-se a mais importante das Américas. “Aqui há uma seleção com exigência.” Lado a lado nos estandes era possível acompanhar e comparar obras de grandes nomes da história da arte contemporânea, como Joan Miró, Maria Martins, Julio Le Parc, León Ferrari, Fernando Botero, Jesus Soto, entre outros, ao lado de artistas brasileiros consagrados como Cildo Meireles, Waltercio Caldas, Mira Schendel e Nelson Leirner. A lista inicial era de 1.500 obras e trazia muitos jovens criadores, que já conquistam as graças do mercado, caso dos grafiteiros Os Gêmeos e do paraibano José Rufino. Para Justo Werlang, colecionador e diretor da Bienal de São Paulo, a SP-Arte cumpre um papel importante na produção do artista e oportuniza a formação de compradores e de colecionadores.

A enorme diversidade de estilos e técnicas inspirou o marchand Pieter Tjabbes a definir o evento com uma metáfora brincalhona. Segundo ele, “passear pelos corredores da SP-Arte é como ir a um restaurante por quilo; são tantos sabores e pratos que a gente fica até meio zonzo”. Por isso, é preciso ter “um bom olho no meio da cacofonia de cores e artistas”. Tjabbes avalia que a feira também “oferece uma grande facilidade de compra ao aproximar várias galerias”.

Na opinião dos curadores da próxima Bienal de São Paulo, Moacir dos Anjos e Agnaldo Farias, a feira tem importância dentro do circuito de arte. Segundo o jovem artista plástico Marco Gianotti, “o evento é salutar, pois representa a consolidação do mercado e da cultura, incitando a geração de colecionadores”. O mesmo aspecto de estímulo ao consumo e ao fortalecimento do mercado foi ressaltado por Luis Zerbini, que ressaltou “a importância da diversidade criativa retratada nas galerias”. Gustavo Godoy, por sua vez, avaliou que a SP-Arte “promove o diálogo entre o clássico e o contemporâneo, oferecendo maior proximidade visual, como se fosse um grande museu”.

Em contraponto a todo esse entusiasmo com o sucesso mercadológico da feira, o editor Pedro Paulo de Sena Madureira lembrou que “a solidez do mercado se deve ao vigor dos artistas, cuja produção é algo verdadeiro, real, que vem antes dos negócios”. Ao elogiar a competência de Fernanda Feitosa na organização da SP-Arte, ele ainda comentou que “foi uma conquista do espaço público da Bienal com critério e bom gosto, juntando a qualidade do que é exposto com a comercialização”.


No encerramento desta edição a diretora do evento, Fernanda Feitosa, confirmava, num “balanço ainda pendente”, um volume total de vendas na ordem de 30 milhões de reais (US$ 15 milhões, aproximadamente), 15% a mais se comparado com a edição passada, e uma participação de mais de 15.700 pessoas.



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