Para Hal Foster, O Complexo Arte-Aquitetura, que dá nome ao livro recém-lançado pela Cosac Naify, é um sistema de produção de imagens e espaços na contemporaneidade, envolvendo artistas e arquitetos consagrados, suas proposições e as instituições que viabilizam sua existência – museus, premiações, clientela pública e privada. O título é composto de ensaios breves com a informação necessária e suficiente para a construção da argumentação; imagens nem de mais nem de menos, apenas aquelas que apoiam e potencializam a leitura do texto.
As duas primeiras partes do livro abordam a produção arquitetônica contemporânea a partir de alguns de seus representantes mais célebres: Renzo Piano, Norman Foster, Zaha Hadid, Renfro+Scofidio, Richard Rogers. A segunda parte refere-se à arte contemporânea, com foco específico em suas dimensões espaciais.
Nos diferentes textos, Hal Foster evita os extremos, não é laudatório nem tampouco denunciador. Seu método passa pela cuidadosa análise do trabalho e do percurso de cada arquiteto, extrai a essência das proposituras e apostas estéticas de cada um deles e tira conclusões – por vezes críticas – a partir da qualificação dos diferentes enunciados e do invariável fracasso da arquitetura em preencher integralmente o espaço entre as nossas experiências e as expectativas redentoras e transcendentes que depositamos na produção criativa das personalidades consagradas. É um trabalho que trata a arte e a arquitetura a partir de seus enunciados expressivos, e não como resultado ou exemplo de contextos ou contradições sociais.
Um dos principais méritos do livro de Hal Foster é o do reconhecimento e da análise da produção artística e arquitetônica do pós-década de 1960 em seus próprios termos, com as buscas, conquistas e frustrações que lhes cabem em seu momento histórico específico. Evita, assim, a simplificação da definição daquilo que se convencionou chamar de pós-moderno como simples período que se constitui em relação ao movimento moderno da primeira metade do século XX. Com esse método, Foster ajuda a trincar o mito do movimento moderno, até hoje muito presente em suas sombras positivas e negativas. Ajuda, assim, a enxergar nosso momento contemporâneo em sua plenitude, com os seus próprios desafios e contradições, e não na chave da crise, da degeneração ou do caos.
Deixe um comentário