Quase cem anos de produção fotográfica no Rio de Janeiro, que documenta a cidade do Segundo Reinado de D. Pedro II às primeiras quatro décadas da República, são o tema da exposição Rio: Primeiras Poses, Visões da Cidade a Partir da Chegada da Fotografia (1849-1930), em cartaz no Instituto Moreira Salles, na capital fluminense.
Com curadoria de Sergio Burgi, a mostra marca a nova fase de exposições permanentes na Galeria Marc Ferrez e reúne um total de 450 fotos, cronologicamente dispostas em seis ambientes. São trabalhos de mestres da fotografia nacional e de anônimos, todos pertencentes ao acervo do IMS. Feita ao longo de um ano, a seleção reflete não somente as transformações nas paisagens natural, construída e humana da Cidade Maravilhosa, como as mudanças de linguagem e de tecnologia do registro fotográfico em si.
Leia também:
O passado em nome do futuro
“Do ponto de vista documental, a cronologia revela o crescimento urbano em um país até então muito agrário, na virada do século XIX para o XX, por meio de acontecimentos como a abertura da Avenida Central, atual Rio Branco, no Centro; a derrubada do Morro do Castelo; a criação da Avenida Beira Mar; e a expansão da cidade em direção às praias oceânicas”, afirma o curador.
Ainda no capítulo urbanístico, Burgi destaca as imagens feitas por uma família de sua casa de veraneio, a primeira de frente para o mar, em Ipanema, no fim do século XIX. E ainda do início das benfeitorias nas orlas de Copacabana e do Leme, na primeira década do século XX. “Estas fotos revelam também como se inaugura a questão do hedonismo no cenário sociocultural carioca, e a chegada da fotografia à esfera privada”, diz Burgi.
No que diz respeito ao aspecto de linguagem, o curador ressalta a transição do que chama de fotografia de cavalete – as imagens de alta qualidade, capturadas em sua maioria com o uso de tripé, no século XIX – para uma documentação ágil de cenas das ruas, das calçadas e de pessoas. “Houve mudanças técnicas que aumentaram a sensibilidade à luz e permitiram reduzir as câmeras. Os negativos não mais precisavam ser do tamanho da reprodução pretendida, pois seria possível ampliar as fotos”, explica.
O elenco de fotógrafos tem nomes consagrados, como Marc Ferrez – o único a atravessar os dois séculos cobertos pela mostra –, e ainda Georges Leuzinger, Victor Frond, Augusto Stahl, Augusto Malta e Guilherme Santos.
Rio: Primeiras Poses oferece também ao visitante uma experiência de imersão multimídia. Em uma mesa com tela touch screen é possível localizar onde as fotos foram feitas, assim como ampliá-las, em mapas interativos. E mais: dois monitores permitem a visualização em 3D de algumas das imagens. Um presente e tanto.
Rio: Primeiras Poses, Visões da Cidade a Partir da Chegada da Fotografia (1849-1930)
Até 31 de dezembro
Instituto Moreira Salles
Rua Marquês de São Vicente, 476 – Gávea – Rio de Janeiro
21 3284-7400/3206-2500 – http://www.ims.com.br/
Deixe um comentário