A arquitetura do século 21 deverá estar a serviço do urbanisticamente eficaz, atender à sustentabilidade e, ainda, agradar a quem pague. Precisará levar em conta a utilização inteligente de energia, tirar proveito da iluminação e água naturais, prever o “puxadinho” de acordo com o freguês e pensar na formação de vizinhanças que atendam a necessidades de regiões específicas – comerciais, residenciais ou mistas. No Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), a exposição Morada Ecológica focaliza os novos rumos da arquitetura, as estéticas inerentes ao setor e o futuro do homem num mundo que precisa sobreviver aos ataques do próprio homem.
A mostra que aportou em São Paulo, resultante de parceira do MAM-SP com a Cité de l’architecture et du patrimoine francesa, exibe mais de 50 projetos pioneiros de arquitetos de várias partes do planeta, oferecendo uma reflexão de como a preservação das escassas reservas naturais obriga a uma nova maneira de pensar a arquitetura e o desenvolvimento urbano no século 21. Se nos dois séculos antecedentes, com a Revolução Industrial e depois a Tecnológica, as cidades incharam, hoje a equação urbanística deve considerar não só os aspectos econômicos e sociais decorrentes das superpopulações citadinas, como também a manutenção do meio ambiente.
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“A palavra-chave da exposição que é proposta por Dominique Gauzin-Muller, curadora-geral, é a abordagem dita holística, uma iniciativa global e multidisciplinar que amplia a reflexão dos atores e dos campos conectados à arquitetura: sociologia, economia, filosofia Os projetos apresentados ilustram essa iniciativa e são testemunha de que, além de a tomada de consciência ser internacional, ela também já é realidade na área”, define em seu texto para a mostra, o presidente da Cité de l’architecture et du patrimoine, François de Mazières.
No MAM-SP os projetos e arquitetos estão agrupados em quatro módulos temáticos, exibidos em vídeos e diaporamas (slideshows) veiculados em 24 monitores, textos explicativos e plantas em grandes painéis. No primeiro módulo, figuram os precursores do pensamento ecológico na arquitetura, como Frank Loyd Wright (EUA, 1868-1959) e sua casa-escritório-escola Taliesin, no Wisconsin (EUA), e o brasileiro José Zanine (Bahia, 1919-2001), pioneiro na utilização sustentável de matérias-primas da Floresta Amazônica, com a casa que realizou para a bailarina Márcia Haydée, em Itaipava, na serra fluminense.
Nos três módulos seguintes entram em cena arquitetos que desenvolvem um novo conceito holístico de arquitetura sustentável, levando em conta o papel do indivíduo na sociedade, a preservação da natureza, os modos de produção e uma estética coerente com os novos desafios. Sarah Wigglesworth e Jeremy Till (Inglaterra), Walter Unterrainer (Áustria) e Alejandro Aravena, da Elemental (Chile), aliam as premissas dos precursores, os procedimentos tradicionais da arquitetura de seus países, além de modernos recursos que permitem casas de palha, papelão corrugado ou de barro, ou que tenham paredes externas de tecido impermeável.
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