Uma das mostras mais relevantes no Nordeste do País, nesse primeiro semestre, Vestígios de Brasilidade é uma iniciativa do Santader Cultural de Recife. Reunindo 40 artistas brasileiros e 59 trabalhos, divididos em sete núcleos poéticos, a coletiva apresenta ampla pesquisa do curador Marcelo Campos, que reuniu representantes de diferentes gerações e expressões artísticas para tecer uma linha evolutiva do conceito de brasilidade ao longo de mais de seis décadas de produção. Ao associar artistas de gerações anteriores, como Carybé, Volpi e Guignard, à nomes expressivos da contemporaneidade, como Emanuel Nassar, Delson Uchôa e Adriana Varejão, Campos investiga e propõe debates sobre a construção da identidade e do imaginário popular. Em paralelo à exposição, o Instituto vai promover debates no programa Encontros de Reflexão, mediados pelo curador, com a presença de alguns dos artistas.
Os núcleos poéticos propostos por Campos apresentam vários aspectos da identidade nacional, percebidos em períodos distintos de nossa produção artística. No núcleo Quarta-Feira de Cinzas, obras de Glauco Rodrigues, Beatriz Milhazes e Cao Guimarães especulam a catarse e a melancolia que separam o início e o fim da folia. Em Geometria, a abstração geométrica que marcou a transição do modernismo para a contemporaneidade no País dialoga com um Brasil construído por mãos de anônimos. Mestres, escravos e imigrantes, que decoravam festas populares, aplicavam a azulejaria das igrejas e enchiam de formas geométricas e cores exuberantes as feiras livres. Obras de Volpi, Marcone Moreira e Alexandre da Cunha recodificam esses elementos populares e ampliam as fronteiras entre o figurativo e o abstrato. Já em Preguiça, obras de Cícero Dias, Luiz Zerbini, Sandra Cinto e fotos de Pierre Verger dialogam com a famigerada indolência do brasileiro, eternizada por Mario de Andrade em Macunaíma. A coletiva ainda apresenta os núcleos Fetichismo, Vento, Sortilégios, Casa e é programa imperdível para quem estiver em Recife.
Santander Cultural Recife
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Avenida Rio Branco, 23 – Recife – PE
Até 31 de julho
De terça a domingo, das 13h às 20h
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