Nos fim dos anos 1920, o catalão Joan Miró (1893-1983) começou a fazer colagens e criar objetos reunindo materiais diversos, buscando afastar-se cada vez mais da pintura clássica de cavalete. Algumas dessas experimentações ganham destaque em A Força da Matéria, exposição que o Instituto Tomie Ohtake abriga entre 24 de maio e 16 de agosto, em São Paulo, e que, em seguida, parte para o Museu de Arte de Santa Catarina, em Florianópolis, onde fica em cartaz de 2 de setembro a 14 de novembro. Promete ser um blockbuster.
Com obras selecionadas pela Fundação Joan Miró, a mostra é composta de 40 pinturas, 22 esculturas, 20 desenhos, 25 gravuras, além de alguns objetos criados pelo artista surrealista. Pertencentes à Fundação e a coleções particulares, as peças estão divididas em três blocos cronológicos. Em Anos 30 e 40, são apresentados os desenhos e as pinturas da época da Guerra Civil Espanhola e da Segunda Guerra Mundial. Já o bloco Anos 50 e 60 revela um Miró criando de maneira profícua no campo da escultura. Por fim, Anos 70 traz o artista catalão trabalhando com suportes mais inusitados.
Curador do Instituto Tomie Ohtake, Paulo Miyada afirma que “a aposta de Miró na potência dos materiais como combustível para a espontaneidade do gesto pictórico torna-se mais explícita em sua produção posterior à Segunda Guerra Mundial, quando os mais variados suportes, texturas e manchas foram incorporados como pontos de partida para a definição de suas linhas de qualidade caligráfica e campos de cor”. Ainda segundo Miyada, “as inúmeras cerâmicas produzidas por Miró também refletem essa abertura, uma vez que o ponto de partida de suas montagens eram objetos banais retirados do cotidiano com suas fragilidades e peculiaridades”.
Convidado a escrever sobre Miró para o catálogo da exposição, o escritor Valter Hugo Mãe, angolano radicado em Portugal, também comenta as experimentações do artista. Para o escritor, “o interessante é perceber que a opção de Miró por uma linguagem mais despida o coloca verdadeiramente entre as sabedorias populares, como se emanasse uma natureza efetivamente primordial, estrutural, capaz de se ausentar do que a cultura mascarou para se encontrar no ponto de partida, como alguém que reinaugura a cultura para reinaugurar a expressão”.
Serviço – A Força da Matéria
Instituto Tomie Ohtake – Avenida Faria Lima, 201 – Pinheiros – São Paulo
(11) 2245-1900
De 24 de maio a 16 de agosto.
Mais informações: Instituto Tomie Ohtake
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