Confira cinco apostas do Festival Mix Brasil de Cultura LGBT

A partir desta quarta-feira (11), até o próximo dia 22 de novembro, a cidade de São Paulo vai estar pintada com as cores da diversidade. A capital paulista recebe o 23° Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade, maior festival dedicado ao movimento LGBTQ da América Latina. O festival apresenta 138 produções de 27 países, todas compenetradas em difundir a pluralidade de orientações sexuais e identidades de gênero. No clima para o evento, a Brasileiros selecionou cinco filmes que prometem fazer sucesso nas salas do Mix Festival:

1- Califórnia (Brasil)

Foto: Reprodução/ Facebook
Foto: Reprodução/ Facebook

Estreia da cineasta Marina Person como diretora de um longa de ficção, Califórnia é uma das grandes promessas do cinema nacional de 2015. O filme conta a história da menina Estela, uma adolescente de classe média-alta que vive o período conturbado da década de 1980 no Brasil. O grande sonho de Estela, muito bem interpretada por Clara Gallo, é encontrar seu tio Carlos na Califórnia e conhecer o Estado norte-americano. Interpretado por Caio Blat, Carlos faz o tipo do homem de meia-idade que não quer abandonar a juventude, mas guarda um segredo que acaba com as pretensões de Estela: é portador do vírus HIV.

Califórnia acerta, principalmente, em construir uma história de adolescentes sem cair nos estereótipos mamão com açúcar. O longa, ao mesmo tempo que explora os detalhes frívolos que permeiam a vida de todo adolescente, também aborda questões de extrema pertinência para o contexto da época. Além do tio da protagonista travar uma luta melancólica contra a AIDS, o filme relata uma primeira reação do mundo pós-moderno ao contexto da diversidade sexual, onde o binarismo do homem/mulher é amplamente contestado.

2- Te Prometo Anarquia (México) 

Foto: IMDb
Foto: IMDb

Vencedor do prêmio de melhor filme latino-americano no Festival de Cinema do Rio de Janeiro, Te Prometo Anarquia será o filme de abertura do 23º Festival Mix de Cultura da Diversidade. O longa conta a história de Johnny e Miguel, melhores amigos e namorados que fazem parte de um grupo de skatistas entediados com o marasmo da sociedade mexicana. No cotidiano dos dois jovens, fica clara uma forte tensão entre as relações sociais estabelecidas, principalmente na questão familiar, revelada por meio de diálogos enérgicos.

O que entrelaça o enredo de Te Prometo Anarquia é a forma como Johnny e Miguel ganham a vida. O primeiro é morador de um bairro pobre, enquanto o segundo vive uma vida mais abastada, mas não trabalha, o que faz com que vendam seu sangue clandestinamente para manter o estilo de vivência. Os dois não sabem, entretanto, que por trás deste mercado negro existe uma máfia inescrupulosa, e após um grande negócio de venda de sangue, Johnny e Miguel se veem encurralados em um cenário violento.

Além de explorar a liberdade sexual dos skatistas, o longa apresenta uma consistente faceta filosófica, onde aborda a falta de perspectiva das sociedades contemporâneas, além de uma fotografia excepcional. A ‘anarquia’ do título é uma clara menção ao niilismo, à inutilidade da forma de comportamento no capitalismo, onde não há qualquer propósito ou utilidade na existência humana. 

3- A Seita (Brasil)

Foto: Reprodução/ Facebook
Foto: Reprodução/ Facebook

Dirigido por André Antônio, A Seita é um dos filmes nacionais mais ousados dos últimos tempos. Primeiramente, por se tratar de uma ficção científica, vertente do cinema pouco ou nada explorada em solo canarinho. Outro fator está no aspecto visual do filme, já que o longa conta uma história futurista sem qualquer artifício estético dos chamados efeitos especiais. Isso mostra como um bom enredo pode ser desenvolvido sem os apelos visuais hollywoodianos.

A obra remonta a capital pernambucana, Recife, no ano de 2040. O Brasil, assim como todo o globo, é habitado apenas por uma classe marginalizada que não pode participar das colonizações espaciais. Um homem então resolve fazer o caminho oposto, e retorna das Colônias para a Terra a fim de conhecer melhor a sociedade a qual pertencia. Ele então descobre que, no seu planeta de origem, as pessoas ainda dormem e sonham, algo que foi praticamente extinto das Colônias já que todos os habitantes foram vacinados contra o sono.

É nesta lacuna, aberta em função da erradicação do sonho, que o protagonista conhece uma seita clandestina onde os membros procuram formas de coibir a vacina. A Seita é um conglomerado de críticas sociais veladas, com forte referência à contemporaneidade e às problemáticas do sistema econômico atual.

4- Como Vencer no Jogo (Sempre) (Tailândia)

Foto: Reprodução/ Facebook
Foto: Reprodução/ Facebook

 

Gravado em Bangkok, capital tailandesa, o longa conta a história do menino Oat, que acaba sendo criado pela tia após a morte de seus pais. Seu irmão mais velho, Ek, vive o grande drama que os jovens tailandeses enfrentam ao completar 21 anos: encarar um sorteio que vai decidir se servirá ou não o exército. Assim como Te Prometo Anarquia, o drama tailandês aborda um relacionamento de disparidades sociais e financeiras. Ek, originário da classe trabalhadora de Bangkok, vive um romance com Jai, de família abastada.

A obra mostra diversas peculiaridades e paradoxos de uma sociedade oriental muito religiosa e ao mesmo tempo militarizada. É possível, por exemplo, observar pequenos Bhikhus, os monges budistas do sexo masculino, enchendo os olhos de lágrimas na fila para o sorteio no exército. Como Vencer no Jogo (Sempre) ainda levanta uma discussão importante sobre os alistamentos obrigatórios nas forças armadas, pois mostra como garotos de famílias ricas, como Jai, conseguem se livrar da convocação pagando propina para mafiosos. Outro fator interessante é como o filme mostra a emancipação de uma família não tradicional. Oat, seu irmão Ek e sua outra irmãzinha são criados pela tia, que trabalha na maior parte do tempo e deixa as crianças sozinhas.

5 – Mariposa (Argentina)

Foto: Reprodução/ Youtube
Foto: Reprodução/ Youtube

O longa argentino Mariposa é mais um que entra no rol da ousadia cinematográfica. Assim como a borboleta, a mariposa é um inseto que representa o renascimento, a transformação ou criação de uma nova vida. É neste sentido que o filme de Marco Berger traça dois universos paralelos, com sentimentos e perspectivas diferentes, mas com os mesmos personagens. Em um primeiro momento, Romina, interpretada por Ailín Salas, cresce ao lado do irmão Germán, na pele de Javier de Petro, onde os dois alimentam um desejo amoroso limitado pela condição familiar. Neste contexto, ambos tentam estabelecer novas formas de afeto sem o artifício do sexo.

Paralelamente, outro núcleo divide a trama, onde Romina e Germán são grandes amigos que nutrem uma forma particular de relacionamento. Ao mesmo tempo em que trocam carícias e explicitam a paixão que sentem um pelo outro, acabam reduzindo a conexão entre os dois a uma estranha amizade. Mariposa é uma ótima reflexão sobre o cinema atual, que em sua face comercial, acaba pecando invariavelmente pelo excesso de sobriedade. Experimental, o longa argentino abusa dos planos fechados e detalha as relações carnais entre os personagens, dando um tom sexual à trama.

Veja a programação completa do Festival Mix clicando aqui.


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